Os últimos acontecimentos ocorridos no governo de maioria socialista deixaram-nos verdadeiramente
estupefactos e preocupados.Os casos sucessivos de demissão devidos a compadrios políticos, eventual corrupção e problemas com a justiça serão, porventura, a ponta do icebergue do que se passa nos últimos tempos, não apenas no governo, mas também no Estado, nas empresas públicas e nas autarquias.O governo parece efectivamente sem norte, acomodado e sem dinâmica.
As direitas políticas PSD,IL,Chega, agarraram
com todas as mãos estes casos para desgastarem o governo socialista que elas
julgavam durar por quatro anos, gerindo a pandemia , as causas da guerra e a
famosa «bazuca».
As esquerdas ,BE e PCP, sentem-se por sua vez
numa situação incómoda porque, embora acusando o governo de se empenhar em
políticas de direita,não querem facilitar a onda direitista que claramente
cavalga o momento mau do governo.
A direita está em recomposição?
Mas todos estes fenómenos que são o gaudio da
comunicação social,que nestes dias teve mais do que Boas Festas,não são mais do
que espuma de um rio subterrâneo que atravessa a nossa sociedade.
E que rio é esse?Trata-se do que ocorre nos
grupos económicos portugueses com ligações às multinacionais e com expressão
nos grandes partidos do governo ,PSD e PS, e alguns mais á direita, como o a
Iniciativa Liberal,e Chega.Efectivamente a maioria dos interesses económicos
portugueses apostam no Partido Socialista e no Partido Social
Democrata.Todavia, hoje, existem sectores da burguesia nacional que estão a
mudar a sua aposta política.Daí que
alguns polítólogos digam a que a direita está em recomposição.Alguns sectores
dos interesses económicos apostam hoje menos no PSD e PS e querem um governo
mais á direita com a integração numa aliança da direita incluindo a Iniciativa
Liberal e o Chega.
Serão sectores importantes económicos que não
foram abrangidos pelos dinheiros da «bazuca», sectores descontentes com as
lideranças e linha política do PSD, descontentes com os sucessivos aumentos do
salário mínimo promovidos pelo PS nos últimos anos.
Objectivo é derrubar o governo socialista
Estas direitas embora pretendam o mesmo, ou
seja, o derrube da maioria socialista e eleições antecipadas, não estão de
acordo quanto ao ritmo da luta e ao tempo desse derrube.Existem sectores que
estão apressados,porque acreditam que quanto mais barafunda existir melhor para
uma estratégia de destruição do regime.Acreditam que a situação lhes é
favorável em todos os cenários.Acreditam que a maioria eleitoral do PS se
pulverizaria em novas eleições.Cheiram o poder para breve e sonham já com o
ouro!Existem outros sectores que consideram não ser ainda o momento de derrubar
o governo,talvez em 2024,quando estiver claro por sondagens que o PSD ganharia esses
eleições.
Embora senhores da maioria dos órgãos de
comunicação e com um representante ministerial no governo e com a cumplicidade
de António Costa na área laboral os interesses económicos querem mais do
Estado, mais apoios financeiros, mais liberalização das leis laborais.Julgam
que uma coligação de direita seria neste momento oportuna porque é bom
desembaraçar-se do Partido Socialista.
Alguns aspectos da chamada «Agenda do Trabalho
Digno»,apesar de já terem sido limados pelo governo ainda não são do agrado da
maioria do patronato económico e de algumas multinacionais.
O Partido Socialista continua a dar uma no
cravo e outra na ferradura na área laboral.A sua benevolência para com os
interesses económicos não lhes vai trazer mais votos.É um partido que deve
fazer uma limpeza política do oportunismo que abunda no seu seio.A raiva surda
que existe em muitos dos seus militantes pode acabar pela desistência, pelo
abandono do trabalho cívico e político.O actual governo está a danificar muito profundamente a história do Partido
Socialista.
Ao ver a actuação da oposição da direita e dos
órgãos de comunicação nesta crise política, interrogo-me se efectivamente já
não existem sectores da direita que querem enterrar o actual regime
constitucional.Por outro lado, os casos de corrupção que aparecem na classe
política ligada ao poder são um sinal claro de degenerescência do regime.
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