A luta dos professores é mais uma demonstração da utilidade do sindicalismo como instrumento de
defesa dos direitos dos trabalhadores mas também como escola de civismo e de dignidade!
Historicamente o sindicalismo e concretamente
o Movimento Operário, veio fazer uma ruptura com a cultura dominante assitencialista
na idade média e até no liberalismo até meados do século XIX.As corporações, as
mútuas e associações de socorros tinham
uma cultura de solidariedade, de ajuda aos mais fracos, nomeadamente
viuvas,sinistrados do trabalho e órfãos.Mas ainda não tinham gerado uma cultura
reivindicativa e de autonomia.Eram associações de solidariedade,muito
importantes numa época em que ainda não existiam sistemas de proteção e
segurança social.
Essa cultura reivindicativa e de autonomia das
classes trabalhadoras nasceu com as primeiras associações sindicais de classe animadas
num primeiro período pelo Partido Socialista e, mais tarde ,pelos sindicalistas
revolucionários e anarco sindicalistas e pelos comunistas a partir de 2019.
O Movimento social católico teve sempre muita
dificuldade em aceitar a cultura reivindicativa e de autonomia das classes trabalhadoras.Alimentou
sempre uma cultura caritativa e de solidadriedade e, no trabalho, de colaboração
de classes.Em Portugal apenas a partir das décadas de 50/60 do século XX é que uma significativa parcela dos Movimentos
operários católicos fez uma ruptura com a ditadura e com o sistema capitalista.O
Centro de Cultura Operária (CCO) e o grupo BASE tiveram aí um papel decisivo.
Portanto, a cultura reivindicativa de direitos
sociais e de cidadania, com origens na Comuna de Paris e na Associação
Internacional de Trabalhadores, pertence ao Movimento Operário e Sindical.Esta
questão é muito importante porque ainda hoje estas duas mentalidades se confrontam no nosso País.A cultura
reivindicativa é mais urbana e das organizações de trabalhadores ;a cultura
caritativa e de solidariedade é mais rural e de influência da Igreja Católica e
suas organizações.
Para a cultura cívica de reivindicação e de
promoção e alargamento dos direitos políticos e sociais muito tem contribuído o
sindicalismo.Os sindicatos, em particular quando dinamizam movimentos sociais
de contestação e de defesa de direitos, são escolas de cidadania.«Também se
ensina enquanto se luta»!Diria mais, é na ação concreta que melhor se aprende.Aprende-se
a ganhar autonomia e espirito crítico, a
tomar a palavra, a ganhar confiança nas suas capacidades e do grupo, a liderar,
a ouvir os outros e exprimir os seus anseios e pontos de vista.Treina-se a
coragem psiquica e física,enfrenta-se o conflito e gere-se o diálogo e a relação
de forças.
O sindicalismo não burocrático, de base,
participado e autónomo é uma grande escola de civismo , de democracia de
participação.Será que a sociedade democrática o reconhece?
1 comentário:
A sociedade caminha a passos largos para o suicídio da democracia
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