segunda-feira, 14 de março de 2022

OS SINDICATOS, A INVASÃO DA UCRÂNIA E A DEMOCRACIA

 

Uma larga maioria do sindicalismo mundial condenou a invasão da Ucrânia e está solidário com o seu
povo e respectivas organizações de trabalhadores.A Confederação Europeia de Sindicatos (CES) já tomou posição e organizou manifestações de protesto e apoio em Bruxelas, várias confederações nacionais fizeram o mesmo. A Confederação Sindical Internacional (CSI) manifestou posição igual, quer o fim da guerra quer a paz.São organizações que também se manifestaram e se solidarizaram com o Povo Palestiniano, com o Povo Sauri, do Tibete, condenaram outras agressões , nomeadamente dos USA no Iraque e Afeganistão.

Algumas organizações como a CGT francesa não deixaram de lembrar que, condenando a Rússia,não se deve esquecer o papel que a NATO teve e tem neste processo e, muito em particular,  os USA.

Em Portugal a CGTP, embora condenando a guerra ,não foi clara na condenação da invasão da Ucrânia pela Rússia.Produziu um texto pobre e ambíguo e prima pela ausência de qualquer ação concreta.A análise subjacente do texto é a de que o inimigo principal é o imperialismo americano e tudo o que de mau temos no mundo é da responsabilidade directa ou indirecta do mesmo.Nesta lógica as outras grandes potências , China e Rússia,porque sendo anti americanas, são absolvidas das agressões aos povos e os seus líderes, autoritários e capitalistas, tolerados.

Felizmente, sectores sindicais  da CGTP , nomeadamente socialistas, bloquistas e independentes afastaram-se desta posição.A UGT fez o mesmo sem qualquer ambiguidade condenando a agressão.A BASE-FUT tomou uma posição clara de repúdio e condenação da invasão e está solidária com os sindicatos e povo ucranianos.

 Tal análise da política internacional tem a sua matriz na «guerra fria» e ainda alimenta algumas organizações sindicais no mundo.É uma análise chamada de anti-imperialista mas que só vê um império quando hoje existem outros impérios, mesmo que secundários, e que lutam com os USA pela hegemonia mundial usando a repressão e agressão sobre os povos.

Certa direita quer aproveitar a invasão da Ucrânia para alargar e aprofundar o seu ataque á esquerda e aos sindicatos.Querem aproveitar a ambiguidade do PCP e da CGTP para esse objectivo.Alguns atacam mesmo o PS pelo facto de ter sido , no passado, apoiado por organizações que agora não condenam a invasão.

Alguma extrema direita e nazis vão mesmo lutar contra a Rússia ao lado dos grupos nazis da Ucrânia.O Putin e a Rússia admirados são agora o diabo e a Ucrãnia é a roma da democracia .Os refugiados de olhos azuis e cabelo louro são acarinhados;os pretos e asiáticos não merecem a mesma consideração.

A UE vende armas à Ucrânia e vai na crista da onda na linguagem guerreira, esquecendo a sua tradicional posição de buscar soluções.Pelo contrário, abre caminho aos USA nas sanções à Rússia.

Mais uma razão para que os sindicatos e todas as organizações de trabalhadores sejam claros nesta matéria.Lutar pela paz, condenar qualquer agressão, seja de países  da NATO, da Rússia ou China.Ser solidário com os refugiados ucranianos, mas também com os palestianos ou tibetanos, sírios ou líbios.muçulmanos ou cristãos.Os sindicatos sempre tiveram uma política internacionalista de paz e solidariedade.

 

Sem comentários: