A pandemia da Covide 19 trouxe novas
realidades ao mundo do trabalho.Duas delas foram o medo de ser infectado e o
teletrabalho.Em muitos locais de trabalho
as condições de sgeurança e saúde
pioraram.Alguns empresários, por ignorancia ou prepotencia, não cumpriram as
normas da DGS e até queriam descontar no salário a falta do trabalhador para
tomar a vacina.Tudo indica que o teletrabalho piorou as condições de saúde de
muitos trabalhadores em teletrabalho.
No seu quadro
estratégico 2021-27 a Comissão Europeia afirma a este propósito:«Já
antes da pandemia, os problemas de saúde mental afetavam cerca de 84 milhões de
pessoas na UE. Metade dos trabalhadores da UE considera que o stress é um
aspeto comum no respetivo local de trabalho, e está na origem de cerca de
metade dos dias de trabalho perdidos. Quase 80 % dos gestores estão preocupados
com o stress relacionado com o trabalho . Em resultado da pandemia, cerca de 40
% dos trabalhadores começaram a
trabalhar à distância a tempo inteiro. Esta situação esbate as fronteiras
tradicionais entre o trabalho e a vida privada e, juntamente com outras
tendências de teletrabalho, como a conectividade permanente, a falta de
interação social e a utilização acrescida das TIC, motivou a emergência e o
aumento de riscos psicossociais e ergonómicos....»
Ora, estão criadas as condições para um
aumento do sofrimento no trabalho em muitas empresas e
estabelecimentos.Sofrimento que num contexto de desemprego o trabalhador
procura camuflar, porocurando estratégias diversas de defesa para enfrentar a situação.
Se no local de trabalho existe uma organização
sindical os trabalhadores em sofrimento poderão eventualmente partilhar a
situação com os membros do sindicato e conseguir forças para enfrentar a
situação.Situação que se vai reflectir na sua saúde e no equilíbrio e saúde da
sua família.
Frequentemente o trabalhador acaba por entrar
de baixa ou por se despedir porque se encontra sozinho a enfrentar uma situação
demasiado complexa e envolvente emocionalmente.
Perante esta situação em que os Estados
Membros e a Comissão Europeia reconhecem o aumento dos riscos psicossociais
seria de esperar medidas robustas dos mesmos para os próximos anos.Mas ,o que a
Comissão prepara, salvaguardadndo as duas primeiras, são medidas voluntárias e
de sensibilização ou estudo.Assim e citamos directamente do documento do novo
quadro estratégico da Comissão já referido:
·
Modernizar o quadro legislativo de
SST associado à digitalização, mediante a revisão da Diretiva Locais de
Trabalho e da Diretiva Equipamentos Dotados de Visor até 2023;
·
Propor valores-limite de proteção
para: o o amianto na Diretiva Amianto no Trabalho, em 2022; o o chumbo e os
di-isocianatos na Diretiva Agentes Químicos, em 2022; o o cobalto na Diretiva
Agentes Cancerígenos e Mutagénicos, no primeiro trimestre de 2024.
·
Lançar, para o período 2023-2025,
uma campanha da EU-OSHA em prol de locais de trabalho saudáveis, que incidirá
na criação de um futuro digital seguro e saudável que tenha em conta, em
particular, os riscos psicossociais e ergonómicos.
·
Preparar, em cooperação com os
Estados-Membros e os parceiros sociais, uma iniciativa não legislativa a nível
da UE relacionada com a saúde mental no trabalho, que avalie os problemas
emergentes relacionados com a saúde mental dos trabalhadores e apresente
orientações para a tomada de medidas antes do final de 2022.
·
Desenvolver a base analítica, as
ferramentas eletrónicas e as orientações para as avaliações de riscos
relacionados com os empregos e processos ecológicos e digitais, em especial, os
riscos psicossociais e ergonómicos.
·
Solicitar ao painel de peritos
sobre formas eficazes de investir na saúde que emita um parecer sobre o apoio à
saúde mental dos trabalhadores do setor da saúde e de outros trabalhadores
essenciais até ao final de 2021.
·
Assegurar um seguimento adequado
da resolução do Parlamento Europeu sobre o direito de desligar .
Podemos concluir que no
documento em geral e neste campo da prevenção dos riscos psicossociais em
especial a Comissão é muito pouco ambiciosa .No mesmo documento a Comissão
convida os Estados membros a rectificarem a
Convenção nº 190 da OIT relativa á prevenção do assédio moral e
violencia no trabalho;pode eventualmente ainda avançar com alguma medida
legislativa no domínio do assédio sexual.Mas é pouco para enfrentar a onda de
sofrimento psicológico em muitos locais de trabalho.A pandemia e o medo do
desemprego fazem calar os trabalhadores.
Torna-se assim prioritário
reforçar a organização sindical nas empresas.Mas também a eleição de
representantes dos trabalhadores para a segurança e saúde no trabalho.Fazer uma
revisão da legislação da eleição destes representantes desburocratizando a
mesma,para que se facilite a actividade preventiva com a participação dos
trabalhadores.
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