Nos últimos dias o País confrontou-se com a prisão do capitalista Joe Berardo, bem conhecido de
todos, em particular desde que se comportou de forma incorrecta e provocatória na audição parlamentar.
Berardo não pretence aos ricos tradicionais,
de grandes famílias da burguesia nacional reconfigurada com o 25 de
Abril.Nasceu pobre e tornou-se rico, sendo fundamentalmente um capitalista que
faz dinheiro com dinheiro, aproveitando as regras e buracos do sistema financeiro
mundial e da legislação nacional.
Berardo tem a admiração de alguns e a aversão
de muitos.A sua cara do bobo manhoso e as suas tiradas cómicas provocam o riso
e a curiosidade.Ele pode ser o tipo ideal para a justiça se reabilitar dos
sucessivos fracassos quanto aos processos de corrupção, compadrio e abuso do
poder.
Mas, mesmo não acompanhando ponto por ponto
este tipo de processos verificamos que os presumíveis grandes prevaricadores,
coadjuvados por grandes advogados, se vão safando e a investigação do
Ministério Público vê fugir-lhe entre as mãos os factos por serem refutados ou
por prescrição.
Os ricos e poderosos minaram o regime nascido
do 25 de Abril
Estes processos, que têm em geral grande
mediatismo,não melhoram a imagem da justiça nem do sistema democrático.As
pessoas ficam cada vez mais defraudadas e frustradas com o sistema juridico e
naturalmente com o sistema democrático.
Em geral estes processos envolvem
personalidades da banca, da política e dos negócios.São notórias as
cumplicidades entre estas pessoas, as redes de compadrio e de mútuo benefício.Claramente
centenas de pessoas tornaram-se ricas porque beneficiaram de vantagens nos
negócios e na política.Os ricos e poderosos minaram o nosso sistema democrático
e compraram muita gente que teve poder mas não tinha dinheiro.Mas este magno
problema que corrói a democracia e nos conduz para a tirania fica resolvido com
a prisão dos Berardos ou dos Salgados?Claro que não.
O nosso sistema jurídico, político e económico
está organizado para dar poder aos grandes.As leis são elaboradas por juristas
e advogados com influência nos partidos do poder .As grandes empresas têm a sua
influência nos governantes ou em alguns membros dos governos.Uma parte
significativa dos deputados estão no Parlamento para defender interesses
privados e não para defender os eleitores.A legislação que enquadra os
negócios, nomeadamente a legislação fiscal, serve para facilitar a ocultação e
a não responsabilização do capitalista.Permite que os Berardos digam que são
pobres e ao mesmo tempo teham milhões.A maioria da população nem imgina como
muita da legislação neste sistema é pornográfica.
A impunidade tornou-se avassaladora
Mas esta situação não existe noutros países
capitalistas?Todos os paises capitalistas têm regras e legislação favorável aos
negócios como é evidente.Todavia, em
alguns países quem quebra as regras vai para a cadeia dando uma imagem á
maioria da população de que existe justiça.O sistema é favorável aos negócios e
poderosos mas tem maior transparencia, existe um maior cumprimento das regras.
No nosso pequeno País a impunidade tornou-se
avassaladora.Existe a percepção com
fundamento de que os grandes podem fazer o que
muito bem entenderem.O nosso capitalismo, os ricos e homens de negócios
acreditam que estão protegidos pelo compadrio e pela inoperancia do sistema
judicial.
A esquerda tem a obrigação de alterar esta
situação ou ,pelo menos, demarcar-se da mesma de forma mais clara.As
organizações de trabalhadores devem urgentemente de se demarcarem claramente
deste sistema exigindo alterações e reformas políticas .O capitalismo português
está num pântano onde nos pode meter a todos.Para muitos portugueses os
politicos são todos iguais, ou seja, corruptos.Este capitalismo vai
conduzir-nos a uma ditadura.
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