terça-feira, 22 de junho de 2021

O REGIME DE ABRIL ESTÁ DOENTE? POIS ESTÁ....

 


A IIª  República Portuguesa corre riscos de se afundar?Todos os portugueses conscientes e politizados transportam consigo há muito esta interrogação.Existem sinais evidentes de erosão do regime nascido da Revolução de Abril.Que a nossa Constituição tem uma grande dimensão utópica?Claro que sim.Mas a maioria dos constituintes queria um regime durável e justo.Queriam liberdade e socialismo, participação popular, justiça social com mais igualdade e distribuição da riqueza.

O regime tinha e tem como coluna vertebrável o sistema partidário que envolveu muitos portugueses com ideais, com a febre da participação, de ter voz, de intervir na mudança das coisas.Aos poucos a maioria dos portugueses deixou de acreditar depois de ter votado nos grandes partidos moderados, chamados do centro, mais á direita, mais á esquerda (PS e PSD).Até hoje a maioria dessa grande maioria também não se deslocou nem mais para a esquerda , nem mais para a direita, absteve-se.Ao longo de décadas  de democracia viram de tudo, desde banqueiros e políticos corruptos até à absolvição dos poderosos,jovens das jotas ocuparem lugares na administração e empresas públicas sem credenciais e experiência,golpes baixos entre correlegionários dos partidos a golpes contra outros partidos, muita demagogia e tudo muito bem aproveitado pelos canais privados de televisão para animarem a revolta e a indignação dos portugueses.

Os portugueses viraram as costas à política

Os resultados desta situação é a abstenção com os portugueses a virarem as costas à política e o crescimento da extrema direita e a sua autonomização em partido para chegar de forma mais eficaz ao poder político.Isto significa que uma parte dos portugueses dos partidos do centro, e não só, se radicalizaram e querem mudar de regime, querem outra república, querem claramente uma ditadura mais ou menos musculada.

Mas perante esta situação tão óbvia os partidos políticos, em particular os de esquerda, estão a tomar medidas sólidas para dar a volta à situação?.Parece que não.Fecham-se em vez de se abrirem, tanto orgânica como ideológicamente,depois de erros políticos graves não se demitem, agudizam as lutas intestinas, não mudam de discurso para o actualizarem, apostam nos jovens quadros universitários das juventudes sem darem lugar a jovens trabalhadores com experiência sindical e associativa.Quantos sindicalistas têm o PS e o PSD na Direção?O diálogo social e a participação não passam de uma treta quando chegam ao governo.Ficam preocupados se fazem alguma  crítica a um grande  empresário mas podem estar meses sem falar com os dirigentes sindicais.

Banir o oportunismo,a corrupção e o carreirismo

Uma democracia não pode apenas contar com o voto periódico dos cidadãos.Um partido tem que cuidar de dinamizar a sua base social e de cuidar da formação dos seus quadros.Tem que banir com fimeza o oportunismo, a corupção e o carreirismo.

Ao tornar-se quase exclusivamente partidário o regime colocou uma grande carga nos partidos.Mas a responsabilidade é quase totalmente dos partidos políticos.Tudo fizeram para que uma minoria dentro dos partidos tivessem imenso poder.Poder de escolher deputados, dirigentes e governantes.Fora dos partidos os outros cidadãos foram-se desinteressando da vida política.Até na vida sindical quase não temos sindicalistas que não sejam militantes dos partidos.Cada vez mais os sindicatos em vez de organizações de massas ficarão departamentos partidários .Os partidos, em vez de organizações abertas e dinamizadoras da democracia ficarão pequenas e estioladas células em luta pelos poderes.

O futuro do regime de Abril pertence a todos os portugueses, a democracia e a liberdade é uma luta de todos.Mas, corremos o risco do regime se tornar odiado por uma larga maioria de portugueses!

 

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