Recentemente a administração da TAP anunciou um acordo com todas as organizações de
trabalhadores da empresa. A falta de transparência é notória.Parece que nem as organizações de trabalhadores conhecem todos os planos de reestruturação da empresa e de todas as clausulas do tal acordo forçado.Segundo fonte do SITAVA conseguiu-se que:
- o Acordo de empresa ficará em vigor na sua totalidade.
-Mas haverá suspensão das
evoluções nas carreiras profissionais durante 4 anos. O tempo decorrido até 31
de dezembro de 2020 contará para a primeira evolução após o fim deste contrato
de emergência.
- Suspensão da contagem de novas
anuidades (mantêm-se as atuais). Estas serão repostas a partir de 2025 num
mecanismo associado aos resultados da TAP, SA.
- Redução nos rendimentos dos trabalhadores de
25% nos anos de 2021, 2022 e 2023. Em 2024 essa redução baixa para 20% ATENÇÃO:
ESTA REDUÇÃO SÓ INCIDE NA PARTE QUE EXCEDER OS 1330,00 € .
Aquele Sindicato afirma que não negociou qualquer tipo de
despedimento. Em comunicado de 5
de fevereiro escreve:«Quanto a outras matérias como o ajustamento da força de
trabalho, jamais o SITAVA se comprometeria com qualquer coisa desse tipo. O que
ficou plasmado no acordo que assinámos é que a TAP colocará à disposição dos
trabalhadores medidas voluntárias a que os trabalhadores poderão aderir, e
assim, se for do seu interesse, poderem beneficiar em termos individuais.
Segundo a imprensa foi acordada a redução dos despedimentos para
166 tripulantes, face aos 746 inicialmente previstos, no âmbito do processo de
reestruturação da companhia.
Os cortes salariais dos piltos poderiam chegar aos 50% e
os despedimentos serão reduzidos dando-se prioridade a reformas e acordos
amigáveis.
Existe um acordo quando todos ganham alguma coisa.Não é o
caso da TAP onde todos perdem alguma coisa, embora tenham sido amenizados os
prejuízos pela ação dos sindicatos e sob ameaça clara de que ou aceitavam o mal
menor ou o mal seria terrível.
Claro que os sindicatos e a Comissão de Trabalhadores não
tinham margem de manobra numa situação tão complexa em que está em causa a
sobrevivencia de uma empresa nacional emblemática.
Primeiro porque para o Estado injectar dinheiro na
empresa precisa do aval da Comissão Europeia.Em segundo lugar face á situação
de emergência da TAP o acordo de empresa pode ser suspenso.
A conclusão parece óbvia.Sem sindicatos os trabalhadores
perderiam muito mais.Ficariam completamente dependentes das decisões
unilaterais da Administração.Certamente que a estratégia de negociação da
Administração foi a de ameaçar com o inferno para depois dar o purgatório.Mas
se teve que adoptar esta estratégia foi porque existiam sindicatos e comissão
de trabalhadores.E nas empresas onde não existe organização sindical?
Nota:Este artigo foi publicado inicialmente na homepage da BASE-FUT em www.basefut.pt
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