É para todos evidente que são grandes as limitações à actividade sindical derivadas da actual pandemia
do COVID 19.O sindicalismo exige uma ação de proximidade militante, de reunião presencial, de afirmação no espaço público, não se podendo limitar ao virtual.
Esta pandemia acentua a debilidade organizativa e associativa que já existia e acentua as relações individualizadas, fragmentadas e o isolamento dos trabalhadores.Os sindicatos e associações correm o risco de conservarem a cabeça e perderem o corpo, ou seja,perderem as suas bases trabalhadoras e associativas.
Neste quadro os sindicatos e outras organizações de trabalhadores vão ser obrigados a investir na defesa da saúde dos seus associados, dirigentes e de outros trabalhadores.Vão ter que investir meios financeiros em diversas actividades e consumíveis em apoio directo à ação sindical, tais como a compra de material de prevenção e higienização como luvas e gel para os activistas e trabalhadores sindicais, limpeza mais frequente das instalações do trabalho sindical e de atendimento ao público, aluguer de salas mais amplas para manter o distanciamento em determinadas ações de formação.
Ora, nem todos os sindicatos, como
organizações não lucrativas, estão em posição financeira para suportar novos
encargos por longos meses ou
anos.Sabemos que alguns já não conseguem satisfazer os seus compromissos
elementares e as perspectivas de sindicalização podem ainda ser mais reduzidas.
Segundo declarações recentes da Comissão
Europeia o novo quadro europeu de segurança e saúde dos trabalhadores vai ter
em conta esta realidade da pandemia, nomeadamente no que respeita a fundos
europeus previstos para enfrentar a mesma.Poderão estar aqui algumas portas
abertas para que ao nível do diálogo social se possam definir quadros de apoio
financeiro para estas novas exigências sanitárias impostas pelo COVID 19.É uma
questão de saúde pública!
Aliás, seria importante que se abrissem linhas
de apoio financeiro à ação associativa e cooperativa e ,em geral, a toda a
economia social.A vida associativa está a sofrer um pesado revés com esta
pandemia e, como tal, está afectada a participação cidadã e a democracia.
Mas como já existe uma luta tremenda pelos
apoios comunitários que irão chegar corremos o risco dos mesmos se aplicarem em
projectos empresariais e dos lobis com influência política do bloco central.O
movimento sindical e associativo português terá que estar atento para que, por
um lado os apoios não sejam apenas canalizados para as grandes empresas dos
serviços, indústria e agricultura e, por outro, para que os projectos de
cidadania, de promoção do emprego de qualidade e de combate á pobreza tenham
prioridade.
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