Como é tradição vamos ter agora um inquérito
ao acidente, um relatório técnico com algumas centenas ou milhares de páginas
apontando as falhas humanas e técnicas e e a necessidade de se tomarem
medidas.Os decisores lavarão as mãos e a culpa vai cair nos trabalhadores!Passados alguns dias o assunto será esquecido nestes tempos de pavorosa
velocidade, outros temas entrarão em cena e o acidente de Soure será apenas
tema de conversas entre técnicos e e de aulas de segurança.
Se não tomarmos consciência, enquanto povo, de
que a questão da segurança é uma prioridade económica, social e política em
sociedades evoluídas e complexas como as actuais iremos ter sérios problemas no
futuro.Neste sentido devem ser tomadas medidas de fundo a vários níveis com
destaque para:
1.Promover desde a escola uma cultura de prevenção.Prevenção
e controlo dos riscos que nos acompanharão ao longo da vida a nível individual
e colectivo.Prevenção de acidentes domésticos,de incêndios, do trabalho, nas
estradas, das ameaças á nossa saúde.Não se trata de meter medo ás pessoas,de
inibir a ação e o risco.Trata-se de aprender a prevenir e a controlar os
riscos.Trata-se de informar e sensibilizar, de combater os comportamentos
inseguros, de educar para a prevenção como remédio para muitos males.Criar nas
novas gerações uma outra percepção dos riscos.
2.Colocar a prevenção como política
transversal a todas as políticas.Prevenção e segurança no ambiente, no trabalho
,na rodovia, na ferrovia, na construção e manutenção das estruturas no
exército, na marinha, na diplomacia, nas empresas e forças de segurança.Os
departamentos e equipas técnicas da prevenção e segurança devem ser reforçadas
nos serviços públicos com meios humanos e financeiros .Os organismos
inspectivos e de fiscalização deveriam ter poder efectivo de intervir com maior
independencia e com os meios adequados.
3.Colocar a prevenção e segurança como critério essencial em todos os projectos financiados com dinheiros públicos e comunitários.
4.Criação de um portal da segurança pública
onde fosse possível ver a situação das inspeções a estruturas como
pontes,linhas ferroviárias,material circulante,barcos de passageiros, frotas de
autocarros, depósitos de combustível, aviões.Esta medida criaria uma maior
responsabilidade nas empresas respectivas e daria maior confiança aos utentes.
5.Criar as bases para uma indústria de
segurança no País para não estarmos tão dependentes de empresas estrangeiras,
nomeadamente de multinacionais que possuem o controlo e monopólio de certos
equipamentos de segurança com tecnologia de ponta.
As nossas vulnerabilidades como País são
grandes ao nível do território,ao nível social e ao nível económico.Uma das maiores
vulnerabilidades é sermos pobres,possuirmos recursos limitados para
investirmos.Esta situação exige ainda mais de todos para que possamos escolher
as melhores prioridades.Hoje a segurança das pessoas e dos bens publicos é uma
prioridade fundamental!A Senhora de Fátima não perdoa a nossa negligência!
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