terça-feira, 4 de agosto de 2020

AINDA O ACIDENTE FERROVIÁRIO COM O ALFA

 

Parece que mais uma vez a Nossa Senhora de Fátima esteve conosco no acidente ferroviário de Soure que envolveu o combóio Alfa e uma composição de reparações.O acidente em causa, que ocasionou duas mortes e algumas dezenas de feridos, teve todos os condimentos para ser uma tragédia.Com o Alfa a 190 Kilómetros, com um obstáculo pesado na linha e num terreno mais desfavorável poderiamos estar agora a chorar a perda de muitas vidas.

Como é tradição vamos ter agora um inquérito ao acidente, um relatório técnico com algumas centenas ou milhares de páginas apontando as falhas humanas e técnicas e e a necessidade de se tomarem medidas.Os decisores lavarão as mãos e a culpa vai cair nos trabalhadores!Passados alguns dias o assunto será esquecido nestes tempos de pavorosa velocidade, outros temas entrarão em cena e o acidente de Soure será apenas tema de conversas entre técnicos e e de aulas de segurança.

Se não tomarmos consciência, enquanto povo, de que a questão da segurança é uma prioridade económica, social e política em sociedades evoluídas e complexas como as actuais iremos ter sérios problemas no futuro.Neste sentido devem ser tomadas medidas de fundo a vários níveis com destaque para:

1.Promover desde a escola uma cultura de prevenção.Prevenção e controlo dos riscos que nos acompanharão ao longo da vida a nível individual e colectivo.Prevenção de acidentes domésticos,de incêndios, do trabalho, nas estradas, das ameaças á nossa saúde.Não se trata de meter medo ás pessoas,de inibir a ação e o risco.Trata-se de aprender a prevenir e a controlar os riscos.Trata-se de informar e sensibilizar, de combater os comportamentos inseguros, de educar para a prevenção como remédio para muitos males.Criar nas novas gerações uma outra percepção dos riscos.

2.Colocar a prevenção como política transversal a todas as políticas.Prevenção e segurança no ambiente, no trabalho ,na rodovia, na ferrovia, na construção e manutenção das estruturas no exército, na marinha, na diplomacia, nas empresas e forças de segurança.Os departamentos e equipas técnicas da prevenção e segurança devem ser reforçadas nos serviços públicos com meios humanos e financeiros .Os organismos inspectivos e de fiscalização deveriam ter poder efectivo de intervir com maior independencia e com os meios adequados.

3.Colocar a prevenção e segurança como critério essencial em todos os projectos financiados com dinheiros públicos e comunitários.

4.Criação de um portal da segurança pública onde fosse possível ver a situação das inspeções a estruturas como pontes,linhas ferroviárias,material circulante,barcos de passageiros, frotas de autocarros, depósitos de combustível, aviões.Esta medida criaria uma maior responsabilidade nas empresas respectivas e daria maior confiança aos utentes.

5.Criar as bases para uma indústria de segurança no País para não estarmos tão dependentes de empresas estrangeiras, nomeadamente de multinacionais que possuem o controlo e monopólio de certos equipamentos de segurança com tecnologia de ponta.

As nossas vulnerabilidades como País são grandes ao nível do território,ao nível social e ao nível económico.Uma das maiores vulnerabilidades é sermos pobres,possuirmos recursos limitados para investirmos.Esta situação exige ainda mais de todos para que possamos escolher as melhores prioridades.Hoje a segurança das pessoas e dos bens publicos é uma prioridade fundamental!A Senhora de Fátima não perdoa a nossa negligência!


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