O golpe de 25 de Abril de 1974 pertence à História de
Portugal e já muito se escreveu sobre o mesmo.No entanto é sempre bom relembrar
e ver o que aqueles acontecimentos de há 46 anos significaram para Portugal.
O movimento grevista que ocorreu no
outono de 1973 na cintura industrial de Lisboa e do Porto continuou nos
primeiros meses de 1974 envolvendo cerca de 100 mil trabalhadores. Uma
parte significativa do sindicatos oficiais do regime tinham direções
democráticas com elementos da oposição.Sindicalistas comunistas,
socialistas,católicos e independentes convergiam na oposição à ditadura lutando
conta a opressão e exploração que as classes trabalhadoras estavam a sofrer.É
verdade que em algumas grandes empresas os operários já tinham alcançado várias
vitórias, salariais e outras, porque esses patrões, em muitos casos
multinacionais estrangeiras,precisavam deles para dinamizar e modernizar os
seus negócios.
O trabalho matava quase tanto
como a guerra
Todavia, existem dados estatisticos de
1973 do Congresso Nacional de Prevenção de Acidentes que nos falam de mais de
800 mil acidentes de trabalho entre os quais quase meio milhar de mortos numa população trabalhadora bem menos numerosa da que temos hoje.Três
destinos marcavam a vida da maioria dos jovens portugueses: a fábrica, a emigração e a
guerra em África.No trabalho morria-se quase tanto como na guerra.Como a greve
era considerada um crime e o protesto um acto de subversão a classe
trabalhadora pagava com a sua vida o progresso dos negócios e alimentava uma
classe restrita de macro ricos, em geral monopolistas, e uma guerra nas
colónias.
Existiam em algumas empresas comissões
de higiene e segurança que mais não eram do que marionetas dos patrões.A
legislação existente não era clara quanto ás responsabilidades das empresas em
caso de acidente e doença profissional.As seguradoras ,em geral ligadas aos grandes
grupos económicos, faziam o que queriam sem hipótese de contestação.
Parte destes problemas continuaram
após o 25 de Abril apesar de vivermos num quadro de liberdade.Uma importante
percentagem dos trabalhadores das cidades eram rurais que tinham emigrado para
as cidades.A cultura de prevenção era inexistente,tantos nos trabalhadores como
nas chefias e patrões, o Estado, não tinha dinheiro para investir, e o País tinha
apenas um punhado de técnicos capazes de gizarem uma política nacional de prevenção.Esse
punhado de técncios chegou a elaborar em 1977 um Plano Nacional de Prevenção
com uma estratégia e um vasto conjunto de medias de promoção da segurança e
sáude dos trabalhadores.O plano ficou na gaveta pois o País tinha outros
problemas e prioridades.
E assim o País ,após 46 anos, ainda tem mais de 200
mil acidentes de trabalho quase 200 mortais e um número irrealista e substimado
de doenças profissionais.Tem uma melhor legislação, sem dúvida alguma, em parte
devido ao acerbo comunitário,tem uma maior sensibilização para estas matérias,
tem algumas empresas que levam a sério a prevenção de acidentes de trabalho,
tem hoje milhares de técnicos de segurança no trabalho.Todavia, ainda tem um
grande número de empresas que promovem apenas no papel a segurança e saúde dos
trabalhadores.A precariedade introduzida na legislação e o crescente trabalho
temporário, um excelente negócio, abriram as portas a uma superexploração, a
uma mentalidade de usar e deitar fora, propícia à expansão de condições
inseguras de trabalho e a crescentes patologias.
Em liberdade a luta continua
Formas de gestão predadora,
justificadas pela competitividade, usam o assédio moral , humilhando e
destruindo a saúde de milhares de trabalhadores.Os ritmos de trabalho, a cultura
de que o cliente tem sempre razão e a nossa felicidade está na sua satisfação,
colocam o stresse como o veneno do século, matriz de várias doenças físicas e
psiquicas.
Assim, agora em liberdade, os
trabalhadores continuam a lutar por melhores condições de trabalho e de vida, contra
novas formas de opressão e exploração!Mas, apesar de tudo viva o 25 de Abril! A
luta continua!Nos locais de trabalho e na rua!
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