segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

OS COLETES AMARELOS E O POPULISMO

A revolução dos «coletes amarelos» é hoje objecto de múltiplas análises na imprensa e televisões, bem como nas redes sociais.Os sociólogos têm aqui matéria abundante de análise e estudo.
Concordo com uma grande parte das análises feitas relativamente ao diagnóstico da situação que podemos resumir nas seguintes caracteristicas:

1-Estamos perante um fenómeno relativamente inorgânico e sem uma direção clássica e centralizada, sem um porta- voz clássico mas com múltiplos porta-vozes;

2.Estamos perante um movimento que teve uma ou duas reivindicações e que evoluiu para um enorme pacote de reivindicações que vão desde a diminuição dos impostos, ao aumento do poder de compra,valorização salarial,igualdade, poder de decisão local e nacional,etc...

3.Estamos perante um movimento que desconfia do sistema político actual de democracia liberal, não acredita nos políticos, considerando-os aliados dos poderosos e privilegiados;

4.Estamos perante um movimento de composição interclassista e diverso ideológicamente;

5.Estamos perante um movimento  sem um  programa claro de governo, com propostas vagas de governação local e nacional, visando a destituição dos actuais órgãos de soberania.

6.Estamos perante um movimento pacífico mas que utiliza a seu favor as franjas militantes e de ação directa da sociedade francesa colocando em cheque o sistema repressivo e policial.

Os analistas, na sua maioria, consideram que este movimento é fruto da globalização injusta e capitalista e que  comporta no seu seio muitas incertezas.Um movimento defensivo, dos que mais perdem com a actual situação.
Ora, os que actualmente perdem são a grande maioria do povo.Hoje quem considera que as injustiças aumentam todos os dias e que a desigualdade é marca actual das sociedades é considerado um populista pelos bem instalados.Este sistema não tem saída, nomeadamente as democracias liberais corruptas se não arrepiarem caminho e não tomarem medidas  que no essencial passarão por:

1.Forte combate às desigualdades.Diminuição dos impostos para quem trabalha e aumento dos impostos dos que mais possuem, seja em património seja em capital.Imposto sobre as grandes empresas do digital (google, Amazon, facebook e outras do género) e sobre as antidades financeiras e empresas com lucros escandalosos.

2.Valorização salarial e um rendimento mínimo que perimita viver com dignidade, sem a corda na garaganta;

3.Descentralização .Valorização da governação local e nacional com a utilização do referendo para questões do dia a dia, que são importantes para as pessoas concretas dando o poder às pessoas de forma mais permanente;maior democracia no trabalho.

4.Desprofissionalizar a política.Diminuir o pessoal político e os seus privilégios.Transparência do património dos dirigentes politicos.Um teto para os salários máximos no Estado.Valorizar as carreiras na Função pública acabando com a política dos« empregos para os rapazes das jotas».

5.Reforma dos tratados europeus de modo a que se combatam as desigualdades, se controle as grandes empresas financeiras, se promova uma política séria para garantir o futuro do Planeta.

Caso continuemos pelo caminho trilhado até agora outros movimentos surgirão porventura não tão pacíficos que criarão o caos do qual poderá nascer uma ordem autoritária ou neofascista.
Apesar da «geringonça» o nosso país não está imune.Sofre dos mesmos problemas da França, amenizados por algumas políticas ddos últimos anos.Nada está garantido.


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