sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

O TRABALHADOR DEVE ADAPTAR-SE? A QUÊ?

 
Ouvimos, por vezes, dizer que os tarbalhadores se devem adaptar ao mundo do trabalho.Dito desta maneira sem qualquer crítica, reproduzindo uma fórmula dogmática empresarial sem questionar o sentido da mesma é chocante.
Podemos virar ao contrário esta afirmação dizendo porque não se pode adaptar o mercado de trabalho ao trabalhador?Porque partem do princípio de que o mercado de trabalho  não se adapta?Por acaso o mercado de trabalho é de natureza divinal, eterna e imutável?
Antes de mais teremos que questionar o conceito horrível de «mercado de trabalho».O  trabalho humano é uma realidade muito mais ampla e rica do que um simples mercado de compra e venda do trabalho numa economia capitalista.O mundo do trabalho é constituído por pessoas.Se é verdade que os trabalhadores se devem preparar com competências para o trabalho e se devem adaptar às mudanças, também é verdade que essa adaptabilidade tem limites que são os direitos do homem e os direitos sociais essenciais ao trabalho exercido com a dignidade própria da pessoa.
Exigir apenas a adaptabilidade aos trabalhadores é assumir apenas a visão empresarial do problema.Ora, esta visão tende a impôr-se como única, penetrando inclusive em alguns meios afectos a organizações de trabalhadores e universidades.
Se o trabalhador moderno deve ser flexível também a empresa moderna deve ter responsabilidade social e ambiental, cumprindo a legislação laboral e aplicando os direitos laborais, nomeadamente os direitos à organização  e actividade sindical.A adaptabilidade exigível ao trabalhador decorrente de novas formas de produção, comunicação e informação deve ter contrapartidas ao nível da participação nas decisões, na redução do tempo de trabalho e na partilha da riqueza produzida pela empresa.
Porém, nunca as exigências de maior adaptabilidade podem colidir com o direito à segurança e saúde no trabalho, ao repouso e à conciliação entre a vida profissional e familiar.Um trabalhador flexível não é«pau para toda a colher».É um trabalhador que tem direitos  e dignidade.

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