domingo, 25 de agosto de 2013

ANA RITA. A bombeira que foi morrer ao Caramulo!

A serra do Caramulo, em tempos a salvação de muitos condenados pela doença, foi anteontem o cenário infernal onde a bombeira Ana Rita, de 22 anos, morreu tragicamente, cercada com outros companheiros pelo fogo devorador de um incendio florestal. A jovem pertencia á corporação de bombeiros de Alcabideche (Cascais) e foi cumprir generosamente o seu dever de defender um
território assolado pelas chamas a mais de trezentos quilómetros de distância. 
 Num tempo em que tudo é medido pelos interesses pessoais e pelo dinheiro este ato altruísta de uma jovem mulher é um desafio e uma saudável provocação.«Estavam todos com uma linha de água e houve qualquer fenómeno em que vários bombeiros que estavam na mesma linha foram apanhados pelo fogo» explicou o comandante operacional distrital de Aveiro. É esse «qualquer coisa» que é preciso explicar muito bem explicadinho.
Com menos sorte poderiam morrer mais bombeiros, pois alguns colegas de Ana Rita ficaram queimados com gravidade! Nós, que assistimos impotentes pela TV a esta calamidade dos fogos do mês de Agosto onde são imoladas vidas, não podemos deixar de sentir uma alta admiração pelo combate generoso e militante dos bombeiros e simultaneamente um certo nó no estômago, uma culpa difusa, na medida em que sentimos que nem tudo está a ser feito no capítulo da prevenção, formação e equipamento para o combate aos fogos florestais! 
As palavras ministeriais não confortam a minha consciência porque ouço os bombeiros reclamarem meios e vejo populares a combaterem as chamas com arbustos! Sinto que debaixo desta calamidade estão as exigências dos cortes impostos nos serviços públicos para satisfazer a finança. Cortes que já começaram a assassinar. Nos próximos tempos vamos ver outras calamidades em consequência da rutura de infraestruturas e equipamentos por falta de manutenção e renovação. A morte da jovem Ana Rita no Caramulo, a de António Ferreira em Miranda do Douro e a de um outro operacional na Covilhã, todas neste mês de Agosto, poderiam ser evitadas. Era, aliás, um dever evitá-las!Um dia terão que ser ajustadas contas! 
Hoje foi o funeral da Ana Rita,honra à sua memória!

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