segunda-feira, 26 de julho de 2010

TRABALHADORES DO ESTADO NA 1ª REPÚBLICA!


«Que será mais surpreendente:o facto de a classe dos «burocratas» ter chegado a constituir a sua associação sindical ou, pelo contrário, tê-lo feito com tão grande atraso em relação à generalidade das classes trabalhadoras e já na segunda metade do período republicano?

As associações de classe operárias generalizaram-se a partir da década de oitenta;as lutas operárias multiplicaram-se especialmente a partir dos primeiros anos do século;nos primeiros anos da República o movimento operário fortalece-se e consolida-se, criando-se em 1914 a UON para todos os efeitos uma verdadeira central sindical.Ora o sindicalismo nos empregados do Estado só começa a ter expressão com o advento da República e limitado às suas camadas menos favorecidas....tendo de se esperar até 1919 para ver reunidas condições para mobilizar os escalões médios e fundar a sua associação de classe.

Factores explicativos de vária ordem podem ser chamados.Entre os de ordem ideológica salientamos dois.Por um lado, a origem e condição de classe do funcionalismo, de raiz predominantemente pequeno-burguesa com os seus projectos de ascensão social e receios de proletarização.Por outro lado,a atitude dominante à época no movimento operário de um exclusivismo de classe sem alianças e a concepção que via no funcionário público uma parte do próprio Estado, esse inimigo a destruir.Esta posição ideológica, própria do sindicalismo revolucionário vem esbater-se um pouco com o ascenso do anarco-sindicalismo e a fundação da CGT em 1919 ( por sinal o ano em que nasce a Associação dos Empregados do Estado).Esta
corrente do movimento operário, embora muito aparentada com a precedente advogava contudo a necessidade de alianças....

A legislação republicana sobre greves-o célebre «decreto burla» de Brito Camacho de 6 de Dezembro de 1910-no seu artigo 10º proibia a greve aos funcionários do Estado».
(O sindicalismo do Funcionalismo Público na I República de Beatriz Ruivo e Eugénio Leitão, Ed. Seara Nova,1977)

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