quarta-feira, 31 de dezembro de 2025

AS DESIGUALDADES MOSTRAM-SE TAMBÉM NO ACIDENTE E DOENÇA PROFISSIONAL!

 

As desigualdades no trabalho não se manifestam apenas ao nível salarial, mas também ao nível das condições de trabalho, nomeadamente ao nível dos riscos profissionais.

Podemos colocar a seguinte questão: quem sofre mais acidentes de trabalho no trabalho? Os homens


mais do que as mulheres! Quem é mais afetado por doenças profissionais? As mulheres mais do que os homens! A partir de 2018 observa-se uma subida significativa das doenças profissionais com as tendinites em primeiro lugar! Entre as quase 14 mil doenças certificadas mais de 8 mil originaram incapacidade para o trabalho. As operárias são as mulheres mais afetadas pela doença profissional!

Quem esteve em primeiro lugar nos acidentes de trabalho em 2022? Os trabalhadores qualificados da indústria, construção e artífices! Em segundo lugar? Os trabalhadores não qualificados! Em 2022 morreram no trabalho 54 trabalhadores qualificados da indústria, 28 dos quais eram operadores de máquinas!

Na década de 2011 a 2022 morreram mais 100 trabalhadores imigrantes. Os brasileiros estiveram em primeiro lugar!

Há vários estudos que revelam a desigualdade neste domínio. Empregos de escritório e intelectuais sofrem menos acidentes de trabalho e até tinham mais longevidade! Em vários países, nomeadamente em Portugal os sindicatos negociaram reformas antecipadas para trabalhadores de profissões perigosas desgastantes ou de grande penosidade. Em Portugal existe um grupo de trabalho que prepara um relatório sobre as profissões penosas e de desgaste rápido com medidas e recomendações para o governo e para a Segurança Social.Não se iludam, porém, as propostas de cariz neoliberal e de proteção aos patrões irão no sentido de negligenciar as reivindicações sindicais de justiça para quem trabalha por turnos e noturno ou numa mina, num hospital, no controlo do tráfego aéreo, num cal center…

Toda esta situação está em grande mudança na medida em que a natureza do trabalho e de várias profissões estão a sofrer grandes mudanças. O trabalho de esforço mental, digital, passa a ser dominante nas sociedades mais evoluídas tecnologicamente. Novos riscos tornam-se dominantes como a precariedade, o stresse, o assédio, a conexão permanente ao trabalho e a intensificação do mesmo. A depressão, o bournout a ansiedade são doenças que afetam os trabalhadores de forma transversal colocando a questão da saúde mental na ordem do dia! Assistimos a uma desumanização do trabalho e a perdas económicas consideráveis para a sociedade e para os mais pobres!

No projeto de reforma laboral do governo AD, contestado com uma Greve Geral, assiste-se a alterações importantes do Código do Trabalho que afetará a vida dos trabalhadores para pior! Não existe um artigo sobre medidas para reforçar a prevenção dos riscos profissionais e melhorar a proteção dos trabalhadores no trabalho. A proposta vai ainda aumentar as desigualdades laborais e sociais, entre homens e mulheres, entre trabalhadores imigrantes e nacionais, entre precários e efetivos, nivelando as condições de trabalho pelos mínimos! Em troca acenam-nos com a cenoura de um salário mínimo irrealista de mera propaganda!

Nos locais de trabalho de Portugal, com algumas exceções, paira o espectro da precariedade, dos baixos salários e do risco de acidente e da doença profissional!

São razões mais que suficientes para nos informarmos, debatermos e lutarmos em unidade nos nossos sindicatos!

 

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