As desigualdades no trabalho não se manifestam apenas ao
nível salarial, mas também ao nível das condições de trabalho, nomeadamente ao
nível dos riscos profissionais.
Podemos colocar a seguinte questão: quem sofre mais acidentes de trabalho no trabalho? Os homens
mais do que as mulheres! Quem é mais afetado por doenças profissionais? As mulheres mais do que os homens! A partir de 2018 observa-se uma subida significativa das doenças profissionais com as tendinites em primeiro lugar! Entre as quase 14 mil doenças certificadas mais de 8 mil originaram incapacidade para o trabalho. As operárias são as mulheres mais afetadas pela doença profissional!
Quem esteve em primeiro lugar nos acidentes de trabalho em
2022? Os trabalhadores qualificados da indústria, construção e artífices! Em
segundo lugar? Os trabalhadores não qualificados! Em 2022 morreram no trabalho
54 trabalhadores qualificados da indústria, 28 dos quais eram operadores de máquinas!
Na década de 2011 a 2022 morreram mais 100 trabalhadores imigrantes.
Os brasileiros estiveram em primeiro lugar!
Há vários estudos que revelam a desigualdade neste domínio.
Empregos de escritório e intelectuais sofrem menos acidentes de trabalho e até
tinham mais longevidade! Em vários países, nomeadamente em Portugal os
sindicatos negociaram reformas antecipadas para trabalhadores de profissões
perigosas desgastantes ou de grande penosidade. Em Portugal existe um grupo de
trabalho que prepara um relatório sobre as profissões penosas e de desgaste
rápido com medidas e recomendações para o governo e para a Segurança Social.Não
se iludam, porém, as propostas de cariz neoliberal e de proteção aos patrões
irão no sentido de negligenciar as reivindicações sindicais de justiça para
quem trabalha por turnos e noturno ou numa mina, num hospital, no controlo do
tráfego aéreo, num cal center…
Toda esta situação está em grande mudança na medida em que a
natureza do trabalho e de várias profissões estão a sofrer grandes mudanças. O
trabalho de esforço mental, digital, passa a ser dominante nas sociedades mais
evoluídas tecnologicamente. Novos riscos tornam-se dominantes como a precariedade,
o stresse, o assédio, a conexão permanente ao trabalho e a intensificação do mesmo.
A depressão, o bournout a ansiedade são doenças que afetam os trabalhadores de
forma transversal colocando a questão da saúde mental na ordem do dia! Assistimos
a uma desumanização do trabalho e a perdas económicas consideráveis para a
sociedade e para os mais pobres!
No projeto de reforma laboral do governo AD, contestado com
uma Greve Geral, assiste-se a alterações importantes do Código do Trabalho que afetará
a vida dos trabalhadores para pior! Não existe um artigo sobre medidas para
reforçar a prevenção dos riscos profissionais e melhorar a proteção dos
trabalhadores no trabalho. A proposta vai ainda aumentar as desigualdades
laborais e sociais, entre homens e mulheres, entre trabalhadores imigrantes e
nacionais, entre precários e efetivos, nivelando as condições de trabalho pelos
mínimos! Em troca acenam-nos com a cenoura de um salário mínimo irrealista de
mera propaganda!
Nos locais de trabalho de Portugal, com algumas exceções,
paira o espectro da precariedade, dos baixos salários e do risco de acidente e
da doença profissional!
São razões mais que suficientes para nos informarmos,
debatermos e lutarmos em unidade nos nossos sindicatos!

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