Algumas estatísticas apontam para entre 11 a 12% de trabalhadores que vivem na pobreza porque não
auferem nomeadamente salários suficientes, nem têm qualificações para superar essa pobreza! Aliás, mais de dois milhões e meio de trabalhadores não levam para casa um salário líquido de mil euros!
Mas caso queiramos deixar as estatísticas e passarmos para a
vida real podemos apanhar de manhã bem cedo os comboios suburbanos do Porto e
Lisboa, ou tomar o café nas estações de embarque do Terreiro do Paço ou do Cais
do Sodré entre as quatro e sete da tarde. O que vemos? Milhares de pessoas, na
sua maioria jovens, não brancos, vestidos pobremente rumo aos seus trabalhos ou
no regresso dos mesmos. Se aprofundarmos a situação veremos que a maioria
trabalha nos setores de baixos salários e com vínculos precários tais como a restauração,
limpezas domésticas e industriais, construção e obras públicas, pequenas
oficinas e comércios!
Esta gente trabalha demasiadas horas em cozinhas e
restaurantes sem condições, outros em obras e biscates com martelos pneumáticos
e nas pinturas, os mais sortudos com máquinas, em lojas e armazéns sem higiene e
doentios, derreados e derreadas outras todos os dias com baldes e escovas,
plenos de produtos tóxicos! Trabalhos duros, sujeitas e sujeitos alguns ao assédio
moral e sexual, acumulando fadiga e longos percursos para chegar ao emprego e
depois a casa.
É esta gente que enche os comboios e autocarros suburbanos
amontoados como gado de manhã e à tarde, sem conforto e dignidade, acumulando
longas horas de trabalho a mais outras de transporte para chegar a casa e
preparar ainda a escola dos filhos, a roupa e a comida na lancheira para o
outro dia. Foram eles que não deixaram de trabalhar na pandemia!
Esta gente é a primeira a ser despedida no emprego em caso
de crise ou de algum ato insubmisso! Nada está garantido, nem o salário, nem o
horário, nem o trabalho ao outro dia. É a exploração na sua realidade mais crua!
Para esta gente a Greve Geral é um ato de revolta e de luta
para mudar as suas vidas, afirmar a sua dignidade como pessoas trabalhadoras,
Porém, para a maioria destas pessoas a Greve Geral, ou qualquer greve, é impossível.
É impossível porque a maioria deles já vive na prática, e no
dia a dia, aquilo que o governo /patrões portugueses pretendem impor a todos os
trabalhadores portugueses, ou seja, precariedade, submissão total na
ilegalidade, sem direitos e apenas com as obrigações do patrão!
Por isso mesmo esta greve é fundamental! Todos os que podem fazer a
Greve Geral devem aderir porque o que está em causa com esta contrarreforma do
governo de Montenegro é a submissão total do nosso corpo e alma aos ditames
empresariais de competitividade, produtividade e lucros! Em troca teremos
alguns euros para sobreviver e ter a ilusão que poderemos ser ricos se jogarmos
todas as semanas no Euromilhões!

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