Devo confessar que não estava virado para escrever sobre o
novo Papa Leão XIV! Mas como vi e li tanto entendido no assunto, resolvi também
dar o meu palpite, ora bem!
Será pelas obras que saberemos. Como vai o novo Papa
posicionar-se perante o Sínodo que Francisco colocou nos carris? Vai congelar o
movimento tranquilizando os conservadores clericais que consideram a dinâmica
sinodal , de escuta, de debate, um movimento perigoso? Vai tranquilamente, mas
com firmeza, continuar a dinâmica de participação que inclui toda a gente?
Vai permitir que as mulheres cristãs possam ter um lugar na
Igreja, já não digo em paridade, mas pelo menos com poder de decisão nas
estruturas e nos ministérios? Ou vai travar o debate e reforçar o clericalismo
e o machismo nas estruturas de poder?
Vai este Papa, tendo em conta a sua experiência pastoral nas
periferias oprimidas, enfrentar com sabedoria o catolicismo retrógrado
americano assente numa «teologia da prosperidade» que mais não é do que uma ideologia
de justificação dos ricos e das desigualdades? Ou, tendo em conta as dívidas do vaticano, as suas
origens numa Igreja americana aburguesada, vai pactuar com esses setores católicos?
Vai este Papa dar alento aos Movimentos populares para que
os mais pobres de todo o mundo tenham teto, terra e trabalho? Vai interessar-se
pelos novos trabalhadores explorados pela economia de plataformas, pelos
imigrantes vítimas das máfias e de patrões sem escrúpulos? Vai dar ânimo aos sindicalistas de todo o mundo para que lutem pela dignidade dos trabalhadores?
O catolicismo reacionário que alimenta algumas elites americanas e europeias vai procurar influenciar este Papa e colocar mais das suas pedras no vaticano. Vai fazer todos os possíveis para alimentar o voto na extrema direita.
Poderão dizer-me que este Papa tem como objetivos principais
a unidade da Igreja Católica e a Paz. Sim, aceito. Todavia, a unidade não se
faz pactuando com a imobilidade, com o autoritarismo, com o clericalismo que
renasce por todo o lado, apesar das críticas e alertas de Francisco. Também a
paz exige profetismo, audácia e inclusão, construindo pontes e espaços de paz.
A ver vamos….
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