Para enfrentarmos a situação presente e desenvolvermos uma democracia económica, social e política inscrita na Constituição Portuguesa é necessário um sindicalismo forte e mobilizador.Todos estarão de acordo com esta afirmação, no entanto nem todos concordarão com os caminhos a prosseguir para atingir tal objectivo.
Sindicatos perdem influência social
Não é segredo para ninguém a progressiva perda
de influência social e política do conjunto do movimento sindical português nas
últimas décadas.É notória a ausência de influência da UGT que continua a ser «muleta»
dos sucessivos governos perdendo a sua credibilidade.Patrões e governos sabem
que a UGT não impõe grande respeito ao poder político .
Os seus sindicatos acomodados vivem ainda de
sindicalistas em idade de reforma e do chamado «diálogo social» que pouco mais
tem sido de que uma negociação «de faz de conta» e de cúpula.Mesmo quando os
seus dirigentes fazem ameaças de virem para a rua, os patrões e governos não
levam a sério tal discurso.A UGT é ordeira, burocrática e acomodada.
No outro lado temos a CGTP que nunca esteve
tão isolada nacional e internacionalmente.Teima em slogans,muito vazios de conteúdos, e de uma
segunda linha de dirigentes com menor consistencia e formação do que a geração
abrilista.A sua ação, muito repetitiva, acompanha um discurso pobre e colado ao
partido político que mais influência tem na Central.Os funcionários sindicais e
o núcleo de activistas levam ás costas o grosso das ações num activismo permanente de rua e de assembleia, sobrando pouco tempo para
a visita aos locais de trabalho, informação e formação dos trabalhadores.
Esta estratégia de trabalhar apenas com as
suas organizações próximas politicamente, de olhar as instituições do Estado
com desconfiança, de confundir participação com colaboração, de privilegiar a
crítica ao Estado e aos governos relegando para segundo lugar a crítica aos empresários e ao capital,
conduziu a uma perda clara de influência da CGTP na sociedade portuguesa.Uma
CGTP que, no entanto, continua a ser a maior organização social militante.
Os restantes sindicatos independentes ou não
alinhados com uma das centrais estão fragmentados e são raras as estratégias de
concertação,imbuidos uma parte deles de um corporativismo estiolante.
A nossa democracia exige sindicatos fortes
Temos assim, não se pode esconder o sol com
uma peneira,um movimento sindical em erosão e desgastado, embora com o seu
núcleo activista e estrutura intactos.Essa erosão é notória particularmente nos
locais de trabalho, a base essencial do sindicalismo reivindicativo e
transformador.
Ora, uma democracia como a entendemos hoje
exige sindicatos fortes e mobilizadores.Sindicatos que tanto na concertação de
cúpula como na negociação colectiva, como na luta de rua e nas empresas
consigam ganhos para os trabalhadores e impeçam o seu contínuo empobrecimento e desvinculação
sindical.
Para que tal aconteça os sindicatos terão que
ter os trabalhadores com eles e não apenas os activistas e funcionários
sindicais.Mas ainda mais,tal como fazem os patrões as diferentes famílias
sindicais terão que agir de forma concertada e alcançar novos patamares de
convergência sindical para travar a regressão social em curso e as ameaças á
democracia.
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