quarta-feira, 2 de novembro de 2022

O SINDICALISMO PORTUGUÊS TERÁ QUE ALCANÇAR UM NOVO PATAMAR!

 Para enfrentarmos a situação presente e desenvolvermos uma democracia económica, social e política inscrita na Constituição Portuguesa é necessário um sindicalismo forte e mobilizador.Todos estarão de acordo com esta afirmação, no entanto nem todos concordarão com os caminhos a prosseguir para atingir tal objectivo.

Sindicatos perdem influência social

Não é segredo para ninguém a progressiva perda de influência social e política do conjunto do movimento sindical português nas últimas décadas.É notória a ausência de influência da UGT que continua a ser «muleta» dos sucessivos governos perdendo a sua credibilidade.Patrões e governos sabem que a UGT não impõe grande respeito ao poder político .

Os seus sindicatos acomodados vivem ainda de sindicalistas em idade de reforma e do chamado «diálogo social» que pouco mais tem sido de que uma negociação «de faz de conta» e de cúpula.Mesmo quando os seus dirigentes fazem ameaças de virem para a rua, os patrões e governos não levam a sério tal discurso.A UGT é ordeira, burocrática e acomodada.

No outro lado temos a CGTP que nunca esteve tão isolada nacional e internacionalmente.Teima em  slogans,muito vazios de conteúdos, e de uma segunda linha de dirigentes com menor consistencia e formação do que a geração abrilista.A sua ação, muito repetitiva, acompanha um discurso pobre e colado ao partido político que mais influência tem na Central.Os funcionários sindicais e o núcleo de activistas levam ás costas o grosso das ações num activismo  permanente  de rua e de assembleia, sobrando pouco tempo para a visita aos locais de trabalho, informação e formação dos trabalhadores.

Esta estratégia de trabalhar apenas com as suas organizações próximas politicamente, de olhar as instituições do Estado com desconfiança, de confundir participação com colaboração, de privilegiar a crítica ao Estado e aos governos relegando para segundo lugar  a crítica aos empresários e ao capital, conduziu a uma perda clara de influência da CGTP na sociedade portuguesa.Uma CGTP que, no entanto, continua a ser a maior organização social militante.

Os restantes sindicatos independentes ou não alinhados com uma das centrais estão fragmentados e são raras as estratégias de concertação,imbuidos uma parte deles de um corporativismo estiolante.

A nossa democracia exige sindicatos fortes

Temos assim, não se pode esconder o sol com uma peneira,um movimento sindical em erosão e desgastado, embora com o seu núcleo activista e estrutura intactos.Essa erosão é notória particularmente nos locais de trabalho, a base essencial do sindicalismo reivindicativo e transformador.

Ora, uma democracia como a entendemos hoje exige sindicatos fortes e mobilizadores.Sindicatos que tanto na concertação de cúpula como na negociação colectiva, como na luta de rua e nas empresas consigam ganhos para os trabalhadores e impeçam o seu  contínuo empobrecimento e desvinculação sindical.

Para que tal aconteça os sindicatos terão que ter os trabalhadores com eles e não apenas os activistas e funcionários sindicais.Mas ainda mais,tal como fazem os patrões as diferentes famílias sindicais terão que agir de forma concertada e alcançar novos patamares de convergência sindical para travar a regressão social em curso e as ameaças á democracia.

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