O Governo do Partido Socialista , apesar de ter a maioria, rendeu-se ao assistencialismo e tem medo dos grandes .Era o que se temia há tempos.O governo de António Costa, agora sem a «geringonça» não vai
utilizar a sua maioria parlamentar para realizar reformas importantes que beneficiem as classes populares com destaque para o necessário equilibrio das relações de trabalho, reforçando o tratamento mais favorável do trabalhador e a negociação colectiva,bem como a exigência de melhores salários e de condições de trabalho mais dignas e saudáveis.
As medidas que este governo vai tomando
mostram que a natureza social deste Partido Socialista vem na sua linha
histórica , ou seja, não beliscar um centímetro as classes possidentes,as grandes empresas e seus
acionistas, e dar umas migalhas aos pobres de vez em quando.Quanto ao resto, ou
seja investimento nos serviços públicos, há muita retórica algum dinheiro, mas
pouca vontade em continuar com um serviço de saúde universal e gratuito como os
seus fundadores o idealizaram após a revolução de Abril.
Mas, dada a conjuntura, a relação de forças a
nível mundial, a enorme dívida pública, a dependencia dos mercados financeiros
,os constrangimentos da UE, este governo poderia fazer mais?Podia!É aqui que eu
e muitos portugueses têm fortes divergências com alguns militantes socialistas.Não
fazem mais porque no próprio Partido há dirigentes que são sociais democratas
do PSD.Lutaram com todas as forças para que a experiência dos acordos à
esquerda acabasse e se fizesse aliança com o PSD.Sãos os primeiros a proibir
qualquer alteração laboral que repusesse o que Passos/Troica retirou aos
trabalhadores, nomeadamente os cortes no valor do trabalho extraordinário e no
caso de despedimento;são os primeiros a dizer que a caducidade é necessária
para dinamizar a negociação quando o que se passou foi o contrário!O que eles
queriam era um governo como este que não chateasse os poderosos;diziam «um
governo em que o PS governasse em liberdade».Pois aí temos!
Assim o actual governo do António Costa é um
governo velho à nascença, governando no lugar do PSD e retirando deste partido a dinâmica assistencialista no plano
social e de combate à inflação.Destas oito medidas nehuma actua na questão salarial
e da repartição da riqueza para combater as desigualdades gritantes que se
acentuaram com os efeitos da guerra e da pandemia. O imposto sobre os lucros
escandalosos das grandes empresas está rodeado de incertezas e polémicas mesmo
no interior do próprio Partido.Um imposto que é debatido e aplicado por
partidos da direita escandalizados com o que se passa.Estão a ver as semelhanças com o PSD de Montenegro?
António Costa tem a sorte de governar um País com mentalidade
de pedintes, de aceitar com as duas mãos qualquer esmola,o «vale mais do que
nada» onde o fatalismo e o assistencialismo fizeram escola desde tempos
imemoráveis.O País reivindicativo ainda é minoritário, considerado por muitos
como «pobre e mal agradecido»,contestário,
que nunca está satisfeito, como se fosse pecado exigir aquilo a que temos
direito como seres humanos e cidadãos!
Perante esta estratégia do Governo
maioritário, de governar para se manter no poder o mais tempo possível o
combate vai ser duro, até porque na retaguarda deste governo espreitam outras
forças que representam já não o assistencialismo mas o «salve-se quem puder», o
direito e a liberdade do mais forte, as forças rancorosas que querem ainda
fazer ajustes com o 25 de Abril após quase meio século depois!Mas atenção, o
melhor caminho para o sucesso dessas forças é não enfrentar a realidade, não
fazer reformas, não valorizar quem trabalha.A seu tempo o Estado não terá
dinheiro para dar mais uns tostões aos pobres, porque estes serão muitos,
muitos.....
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