O trabalho desgasta-nos em demasia?Claro que sim e nunca se falou tanto em mal estar no trabalho e ao mesmo tempo tanatas panaceias se escrevem para resolvermos individualmente este problema quando o mesmo é um problema estrutural ao capitalismo actual.
O problema não estará tanto naquilo que se
pode considerar ao longo dos anos o «normal» desgaste do nosso corpo no
trabalho.O problema principal nos dias de hoje está no desgaste «anormal» do
nosso corpo em especial o desgaste mental que largas camadas de trabalhadores
sentem, muitos deles ainda muito jovens.
Todos os estudos apontam para um conjunto de
factores de risco ligados ás condições de trabalho e de vida modernos onde
pontificam as novas tecnologias de comunicação e a microelectrónia, as longas
horas de trabalho, a pressão e o stresse crónico provocados pelos mecanismos de
exploração do trabalho, nomeadamente as exigências da competitividade,
objectivos de trabalho irrealistas, longas horas de trabalho, gestão paranóica
e desumana
.Todo este cenário descrito sumáriamente está
a fazer um mundo do trabalho doentio onde são frequentes as depressões e
ansiedade, as doenças cardiovasculares, bem como a violência física e o
assédio moral.O recente relatório da OMS
e da OIT sobre esta matéria confirmam esta situação que a pandemia viria a
acentuar.
Embora alguns inquéritos,nomeadamente no
âmbito da Agência Europeia para a Segurança eSaúde no Trabalho, revelem que a
maioria dos empresários se mostra preocupada com esta situação que afecta a
produtividade,nada indicia que a curto prazo se tomem medidas concretas por
parte dos governos e da Comissão Europeia.A maioria das propostas vão no
sentido do voluntarismo da autoregulação, da sensibilização e informação.Nesta linha
é paradigmática a recente Estratégia Europeia para a Segurança e Saúde no
Trabalho 2021-27 da Comissão europeia.A segurança e sáude no trabalho ainda não é considerada um direito fundamental como pretendem os sindicatos.
Sem negar a importância do trabalho de
sensibilização e informação nesta matéria, aliás bem reafirmada pelas mais recentes convenções da OIT, é absolutamente necessário fazer mais e melhor no domínio da legislação comunitária e nacional para
proteger os trabalhadores dos riscos profissionais. A saúde mental das
populações,preocupação muito na moda dos governos e instituições comunitárias
exige na prática que se tomem medidas adequadas para os locais de trabalho, nas
empresas e nos serviços.O próprio Movimento Sindical tem que ser mais
acutilante e aguerrido nesta matéria.Nos pacotes de legislação laboral que
estão na gaveta para serem aprovados também deveriam estar projectos para a
prevenção dos riscos psicossociais no trabalho.
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