A direita portuguesa perdeu as recentes
eleições para as autarquias mas recebeu alguma vitamina com a vitória eleitoral
em Lisboa.Toda a comunicação social e seus «papagaios» afirmam que se abre um
novo ciclo que pode a curto prazo levar a coligação de direita ao poder político.O
cheiro a poder notou-se na tomada de posse de Moedas onde estiveram os passados
e actuais líderes da direita portuguesa e onde se nota um «brilhozinho nos
olhos» em todos eles e todas elas.
Muitos quadros já se sentem a tomar posse no
aparelho do Estado e vislumbra-se uma distribuição pelos amigos dos fundos
europeus.Festejam o almejado fim da «geringonça» que num balanço sumário apenas
conteve o projecto austeritário radical e autoritário de Passos Coelho, aliviou
a tensão social e alimentou a esperança dos trabalhadores em melhores dias.
Hoje verificamos que os primeiros quatro anos
do governo PS com os acordos à esquerda foram os melhores para os trabalhadores
embora os ganhos ficassem muito aquém do que inicialmente se pensou.De facto os
últimos dois anos ficaram marcados pela pandemia e por um governo fraco e por
uma estratégia errante e isolacionista do PS.
Neste momento à esquerda não existe qualquer
projecto mobilizador para os próximos tempos.Os partidos de esquerda consideram
também esgotada a «geringonça» e debatem um orçamento com desconfiança e sem
projectos de futuro, tolhidos pelos resultados eleitorais recentes.Para um
militante social de esquerda o panorama é desolador.A esquerda envelheceu tanto
ao nível social como político.
O PS gere a situação procurando a conformidade
com os ditames de Bruxelas e dos mercados , o BE e o PCP mais parcem sindicatos
do que partidos politicos.Apresentam boas reivindicações que chocam com os constrangimentos
da UE mas ninguém está disposto a construir um programa para o país que possa
ser sufragado pelo povo, com as devidas alianças e estratégia de curto e médio
prazo.
Com esta dinâmica e caso não exista um sopro
inovador e arrojado perspectiva-se a prazo uma maioria de direita que irá
retomar o seu projecto de aprofundamento da desigualdade e de empobrecimento.As
tendências negativas no mundo do trabalho acentuaram-se com a pandemia como foi
demonstrado num recente seminário internacional promovido pela Liga Operária
Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos em Valongo no início deste mês.A
desregulação das relações de trabalho a desvalorização salarial, o trabalho
precário e negro cresceram.Com a pandemia e sem pandemia os grandes grupos económicos
ganham dinheiro, os ricos estão a ficar mais ricos e os pobres mais pobres.
Não basta dizer que perante esta situação , estrutural
do sistema capitalista, temos a luta.Os trabalhadores ,em particular as suas
organizações sindicais, têm lutado.Precisam porém que os partidos aliados não
desperdicem essa luta.Não basta dizer que o partido socialista está mais
próximo do PSD e que são burgueses.Temos que construir uma alternativa
maioritária com as organizações que temos.Temos organizações sociais, sindicais
e políticas com uma grande diversidade.Nem todas são comunistas nem
socialistas.Há que construir um projecto que inclua toda a diversidade dos mais
pobres e explorados.
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