A pandemia COVID alastra por todo o mundo e continua a luta entre o confinamento como medida
principal de prevenção e o desconfinamento para se poder governar a vida, exigência também absoluta de quem precisa de trabalhar.Pesem as múltiplas explicações para o que
sucede na Região de Lisboa é certo que ainda temos muitas incógnitas e só mais
para diante poderemos saber algo com mais segurança.Há quem se irrite com as
festas dos jovens, com os transportes , com os safados que não usam máscara onde
deveriam usar, com os assintomáticos que nem sabem que o são, com as chefias,
com a DGS, com o governo, enfim, há para todos os amores e ódios.
Mais tarde ou mais cedo teremos que reflectir
num ponto básico que será este:a pandemia propaga-se porque tem condições económico- sociais, sanitárias e culturais que a favorecem.Ou
seja, o nosso País tem um conjunto de vulnerabilidades em termos de segurança e
saúde estruturais entre as quais a pobreza e a precariedade.Quem tem
rendimentos altos ou médios garantidos, através de pensões ou rendimentos de
capital ou salários sem cortes está à partida
com a vida facilitada para se proteger do corona.Para sobreviver não precisa de
arriscar para além de um certo limite.Esta questão não esteve evidente na primeira fase do medo, do confinamento,embora saibamos que tivemos sempre pessoas a trabalhar-os essenciais e outros.....
Todavia, os trabalhadores pobres que têm aumentado
com salário mínimo ou menos, cerca de
13% do total dos trabalhadores,os trabalhadores agrícolas e domésticos, os que
laboram em milhares de pequenos empreiteiros da construção e da agricultura, os
que fazem a manutenção e limpeza em fábricas, bancos e transportes, os que trabalham à hora ou ao dia têm que arriscar
para sobreviver, eles e suas famílias.Este conjunto enorme de população será no
total os tais dois milhões de portugueses pobres ou no limiar da pobreza.
Os mais pobres não são culpados, são
vítimas!
Estes portugueses não podem ser culpabilizados
pela pandemia.Eles são vítimas de uma situação social de grande desigualdade,
apesar das políticas de aumento do salário mínimo e das pensões mais baixas, de recuperação de alguns
rendimentos e de apoios sociais a crianças, nomeadamente do rendimento mínimo.
Ou seja, apesar dos esforços pós 25 de Abril e
da carga de impostos que a maioria dos trabalhadores paga, Portugal ainda não
derrotou a mâe de de todas as doenças e pandemias: a pobreza.Pobreza material e
espiritual, de educação, de saúde, de baixos salários, de habitação degradada.São os mais pobres que também vão para o seu trabalho nos transportes públicos.
No final das contas, apesar de um ministro ou
outro infectado, veremos que serão os países pobres os mais afectados pela
pandemia e dentro de cada país veremos que foram os idosos e trabalhadores pobres.Aliás, históricamente sempre foi
assim.As pestes arrasam os pobres e os velhos!
Para concluir,temos que tornar o nosso País
mais forte irradicando a pobreza, reconstruindo os nossos sistemas públicos de
saúde e de proteção social. A ideia de um rendimento garantido a todos durante uma situação destas talvez pudesse prevenir melhor o dilema com que muita gente se confronta entre confinamento e fazer pela vida.Mas o essencial é «Paz, pão,
saúde, habitação...»
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