Com a globalização os sindicatos enfraquceram
relativamente, em especial a taxa de sindicalização desceu de forma muito
acentuada. A flexibilidade apregoada na União Europeia veio beneficiar em
especial as empresas,ao flexibilizar os horários de trabalho as carreiras e os
vínculos laborais.O trabalho precário está a ser a norma nos novos contratos
como acontece no caso português.O quadro político mundial, nomeadamente as
grandes instituições como o FMI, Banco Mundial, OCDE e a própria União Europeia
favorecem os negócios e querem ainda mais reformas laborais para dar
competitividade às empresas retirando valor ao trabalho.
Estamos efectivamente num quadro de crescente
fragilidade do Movimento Sindical internacional e nacional.O trabalho muda com
grande rapidez enquanto que os sindicatos têm dificuldade de encontrarem formas organizativas e de ação
para enfrentar os novos desafios.A precariedade, as formas de trabalho atípico
e a individualização dos contratos de trabalho são desafios importantes.
No quadro do centenário da OIT a Confederação
Sindical Internacional (CSI) lançou uma ofensiva para sensibilizar as instituições mundiais e
regionais para a necessidade de um novo contrato social .Uma ideia que comporta
uma renovação do papel da OIT na luta pelo trabalho com direitos em todo o
mundo.
Todavia, o quadro mundial e regional, acionistas
das multinacionais, empresas, governos e instituições económicas e políticas
não é favorável ao compromisso e ao diálogo social .E porquê?Porque a relação
de forças é hoje muito mais favorável ao capital do que ao trabalho.O progresso
tecnológico trouxe muitas vantagens a todos por certo,mas trouxe em particular
vantagens aos negócios,às grandes companhias e plataformas que trabalham pel
internet. Em espanha desde 2012 mais que duplicaram os milionários ou seja as
pessoas com mais de 30 milhões de euros.
O diálogo social apenas tem viabilidade quando
existe algum equilibrio de poderes.Ora, sabemos que neste momento este
equilibrio não existe em parte alguma do mundo.Mesmo na Europa, onde o
Movimento Operário e Sindical teve e ainda tem algum poder,metade das empresas
não tem qualquer representação colectiva dos trabalhadores.Por outro lado os
sindicatos têm perdido muitos associados e mostram dificuldade em filiar os
mais jovens.
Esta situação foi assim pouco propícia para
que se conseguisse construir uma Declaração da OIT mais ambiciosa
comemorando o centenário desta
Organização que também ela foi perdendo força e capacidade de tornar o trabalho
digno efectivo na maior parte do mundo.
Não se pode , no entanto, perder a
esperança nesta luta pela dignidade do trabalho e pela emancipação dos
trabalhadores.
Mas por melhores intenções que tenhamos não
podemos ignorar que apenas com o reforço do poder dos trabalhadores nos locais
de trabalho e nas sociedades pode existir um verdadeiro diálogo social.Sem esse
poder,em particular nas empresas, teremos apenas a decisão unilateral dos
patrões e acionistas.Teremos apenas uma economia vista pelo prisma do lucro e
da competitividade,uma economia que mata, ambientalmente insustentável e que
nos torna a todos descartáveis.
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