Hoje está suficientemente estudada a relação
entre a profissão , o estilo de vida e a mortalidade das pessoas.Por norma um
mineiro ou um operário da construção tem menos anos de vida do que um quadro ou
empregado de escritório.Claro que hoje a vida de um quadro ou empregado de
escritório também está sujeira a riscos em particular de ordem psicossocial com
relevo para o stresse.
Mas são os operários qualificados e não
qualificados que mais morrem de acidente laboral.São os trabalhadores da
construção e da indústria transformadora que mais sofrem no trabalho e que mais
morrem devido às condições de trabalho.
Já as mulheres são as que mais sofrem de
doença profissional com destaque para as lesões músculo-esqueléticas a grande
«peste» da Europa pois afecta milhões de trabalhadores,tornando-lhe a vida um
inferno.
Ora as políticas preventivas tradicionais
acentuaram sempre o foco no trabalhador, na sua formação, na sua proteção e no
acidente de trabalho ao mesmo tempo que excluiam as mulheres e pouca importância davam e dão às doenças
profissionais.O relevo vai para a proteção individual, enfim para o factor
humano, e menos para a organização do trabalho e para a proteção colectiva.Estas
políticas foram paulatinamente mudando a partir das últimas décadas do sécilo
XX e ,de algum modo as directivas comunitárias, em particular a Directiva
Quadro, e as convençºoes da OIT já revelaram essa mudança.Todavia, as empresas
de formação de técnicos de segurança, de consultadoria,da prevenção nas grandes
multinacionais ainda focam muito a ação preventiva no trabalhador,na sua
formação e no estabelecimento de regras para serem cumpridas pelos
trabalhadores.Mesmo entre sindicalistas e representantes de trabalhadores
existe esta tendência de colocar no trabalhador o foco da prevenção.Existe toda
uma retórica da qualidade, do cumprimento de regras, de cursos técnicos dados por empresas cujo negócio é fornecer
formação bem paga às empresas.
Pouca reflexão sobre os riscos da organização do trabalho e gestão empresarial patológica
Por outro lado vemos pouca reflexão sobre os
riscos da organização do trabalho e da gestão empresarial na súde dos
trabalhadores.Uma gestão em muitos aspectos patológica, geradora de pressão,
assédio, enfim, de sofrimento.Evita-se falar nas consequências da precariedade
e dos ritmos de trabalho na saúde dos trabalhadores e como causas de acidentes.Os
riscos do trabalho por turnos, da laboração contínua, do trabalho temporário ,da
falta de descanso,do acumular da fadiga.
Em resumo o discurso sobre a segurança e saúde
no trabalho dominante não coloca em causa a gestão capitalista e a
competitividade.Nesta o homem é que tem que se adaptar a tudo, nomeadamente aos
ritmos de trabalho impostos pelos clientes ou pelos acionistas, aos horários de
trabalho exigidos pela laboração contínua e pelos tetos de produção.O descanso
e a família ficam secundarizados e perderam importância no mundo da economia
competitiva.A competitividade é sagrada, a vida e saúde do trabalhador está em
segundo lugar! Assim se explica que cada vez tenhamos mais gente doente a
trabalhar
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