quinta-feira, 17 de maio de 2018

OS SOCIALISTAS PORTUGUESES E OS TRABALHADORES!

O próximo congresso do Partido Socialista não vai ter grande história.António Costa foi eleito
novamente Secretário Geral com 96% dos votos e a sua Moção ao Congresso irá naturalmente ser aprovada.
Ao ler a Moção ao Congresso fiquei com vários sentimentos e remoendo alguns pensamentos que ainda não compartilhei com outras pessoas.É um documento que aborda as principais questões do nosso tempo desde a demografia à sociedade digital e às alterações climáticas.Tudo pensamento actual e optimista.Por outro lado, o mesmo documento aparece-me como um compendio de generalidades, de constações e levantamento de problemas sem medidas ou propostas de soluções concretas mesmo que genéricas.É assim um documento que se faz porque tem que ser e que alguém «esgalhou »porque o Secretário Geral não tem tempo para estas questões.Não há compromissos na Moção para o Congresso.
Neste quadro de ausência de compromissos, que deixa as mãos livres á futura direção do PS,ressalta a ausência de um actor social, económico e políticio fundamental das nossas sociedades-os trabalhadores e suas organizações.Claro que a Moção aborda por diversas vezes o emprego, as relações laborais , a instabilidade laboral as desigualdades.Mas a abordagem é a mesma que faria qualquer outro partido burguês.Fala-se em trabalho, em economia, em combate à pobreza, aos efeitos no trabalho da digitalização, etc.Porém, os trabalhadores enquanto produtores organizados e actores de transformação social não aparecem.O Partido Socialista, que históricamente nasceu , das organizações de classe, mais uma vez tem uma visão e uma abordagem liberal-social da realidade económica e da perspectivação das transformações.
Nas moções alternativas, pelo que li, existe uma ou outra que aborda de forma específica as questões laborais.Mas são moções parcelares e poucas.
Poderão naturalmente argumentar que o Partido Socialista é um partido interclassista.Claro que sim!Mas a sua matriz e a sua composição é um partido dos trabalhadores e popular, incluindo o que modernamente se chama de classes médias como serviços,funcionários, investigadores, professores etc.Todos são actores fundamentais das transformações sociais.
Neste sentido é importante que a abordagem aos problemas sociais e económicos tenham uma perspectiva de que a alavanca principal para ganhar o poder e gizar as transformações são os trabalhadores e que estes merecem políticas de valorização salarial, equilibrio nas relações laborais e de combate ao empobercimento.Assim fica-nos a dúvida:será que o Partido Socialista continua a abdicar de ter uma acoragem forte no mundo do trabalho?

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