quinta-feira, 5 de julho de 2012

MINAS DE OURO!

Vila Pouca de Aguiar, 05 jul (Lusa) - No planalto de Jales, concelho de Vila Pouca de Aguiar, chegaram a trabalhar nas minas cerca de 800 trabalhadores que extraíam aproximadamente 30 quilos de ouro por mês.
As minas de Jales fecharam na década de 1990, mas a extração de ouro poderá ser reativada em breve.

Sete empresas manifestaram interesse em apresentar proposta para a prospeção e pesquisa de ouro em Jales/Gralheira. As propostas serão abertas à frente de todos os interessados, serão avaliadas e, hoje mesmo, será decidido o vencedor.

Já desde o império romano que, por ali, se explora este metal precioso. População e autarcas encaram a reativação como uma oportunidade para o concelho, mas recordam as dificuldades sentidas aquando do encerramento da mina, em Campo de Jales.

"Jales foi considerada a segunda região mais pobre da Europa. A pobreza foi imensa", afirmou à agência Lusa o presidente da Câmara, Domingos Dias.

Foi o desemprego, seguido do despovoamento, o abandono dos edifícios e os problemas ambientais, com as escombreiras deixadas a céu aberto.

O presidente da Junta de Vreia de Jales, Norberto Pires, referiu que, em 20 anos, a freguesia perdeu cerca de 20 por cento dos habitantes.

Segundo Domingos Dias, no auge da exploração, as minas empregaram 800 pessoas, que retiravam cerca de um quilo de ouro por dia.

Depois, a cotação do ouro baixou, os custos de extração aumentaram muito, a empresa foi acumulando dívidas à EDP e à Segurança Social, acabando por entrar em insolvência e fechar em 1992.

Estas foram as últimas minas de onde se extraiu ouro em Portugal.

Na altura, já era preciso descer a cerca de 700 metros de profundidade para trabalhar.

Agostinho Silva, com 75 anos, foi durante 33 anos mineiro em Jales, para onde veio de Felgueiras à procura de emprego e onde acabou por casar e ficar a viver com os 12 filhos.

O antigo trabalhador recorda o trabalho duro, mal pago e perigoso.

"Trabalhava-se muito e com pouca alimentação. Enquanto lá andava pedia sempre a Deus e a Nossa Senhora para que entrasse e saísse livre de perigo", afirmou.

Agostinho Silva garante que tirou "muitas toneladas de ouro" cá para fora.

Luís Delgado saiu de Jales antes do encerramento, mas numa altura em que já se falava que as coisas não iam bem.

Foi serralheiro mecânico durante 10 anos e de vez em quando descia às galerias para compor as máquinas. Agora, é dos poucos antigos trabalhadores que aceita falar aos jornalistas do passado e não se importa de fazer uma visita guiada pelo que restou das minas.

No local ainda se pode ver o cavalete de Santa Bárbara, com dois elevadores e por onde os trabalhadores e o equipamento desciam às galerias. Num edifício mesmo ao lado estava instalado o guincho, a máquina que fazia funcionar os elevadores.

A poucos metros encontra-se o Bairro dos Mineiros, onde viviam os capatazes e chefes da mina.

Pelos elevadores do poço número um, a cerca de 500 metros de distância, era retirado o minério. Pelo caminho, Luís Delgado recorda o supermercado, o refeitório, os escritórios, os laboratórios ou as lavarias. A maior parte dos edifícios estão abandonados, outros foram transformados em casas de habitação.

Em 2003, as escombreiras foram requalificadas, num investimento de três milhões de euros.

PLI.

Lusa/Fim

Sem comentários: