segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

O 18 DE JANEIRO DE 1934!

Hoje já existem alguns estudos sobre a greve geral de 18 de Janeiro de 1934, cujo carácter de insurreição se manifestou a 17, 18 e 19 daquele mês nos diferentes locais do País que por essa altura tinham alguma organização operária com destaque para Lisboa, Porto, Margem Sul , Setúbal, Marinha Grande, Silves e Portimão .

Nessa altura a ditadura estava a ganhar raízes e já tinha feito uma razia no Movimento Operário com deportações várias para as colónias e ilhas atlânticas.Para destruir a Ditadura que se manifestava especialmente brutal com as organizações operárias da época estas tentaram um último combate de desespero-uma greve geral que arrastasse outras camadas da população e os militares!

Porém, o vírus da divisão sindical já estava há anos no seio dos trabalhadores com uma luta fratricida entre a corrente comunista emergente e a corrente anarco-sindicalista decadente.A primeira ainda beneficiava da esperança que a Revolução Russa tinha lançado no operariado, apesar da forte crítica anarquista à evolução do poder soviético e, a segunda, continuava a pensar no poder milagroso da greve geral.Uma classe operária enfraquecida e reinando a desconfiança entre os dirigentes sindicais a bufaria e a polícia política fizeram o resto para o malogro da acção revolucionária!

Na Marinha Grande, onde a insurreição teve êxito,mal se sabia que a greve geral estava tropedeada e que estava a ser um fracasso em toda a linha.Todavia, as organizações operárias locais, em especial os vidreiros cumpriram o seu programa e estabeleceram uma organização operária (soviete) durante algum tempo.
Mas os trabalhadores continuaram a lutar noutros locais, nomeadamente na margem sul e em Silves sendo derrotados apenas pelo exército.

Mais tarde nas histórias simplistas do movimento operário apenas se dá relevo aos trabalhadores da Marinha Grande com o objectivo de fazer passar a ideia de que onde as lutas foram dirigidas pelos anarquistas não houve sucesso, mas que, onde foram dirigidas por militantes do recém criado Partido Comunista, aí sim chegou-se ao poder operário!Nada mais falso até porque a maioria dos dirigentes sindicais do partido ainda perfilhavam a ideologia anarquista e não marxista ou um misto das duas!

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