sexta-feira, 13 de março de 2009

MORRERAM À ESPERA DA INDEMNIZAÇÃO!!


Os ex-trabalhadores da Frapil estão há 24 anos para receber os salários de 1985. Dos 207 20 já morreram, alguns, dizem as viúvas, porque não aguentaram a situação.

A falência e as dívidas da empresa destruíram famílias."Foi o problema da Frapil que o matou". Luisa Oliveira, 68 anos, não tem dúvidas que os oito anos que o marido, Jorge Branco, esperou pelo pagamento dos ordenados em atraso da empresa de alternadores "contribuiu decisivamente para o ataque cardíaco que o vitimou aos 52 anos.

Luisa, igualmente ex-funcionária da Frapil, participou, ontem, em mais uma concentração de extrabalhadores da Frapil, uma empresa de Aveiro que faliu há 24 anos, deixando, até hoje, 207 funcionários com um ano de ordenados em atraso.

A lentidão do processo judicial, que levou o Tribunal Europeu a condenar o Estado português a indemnizar os trabalhadores, conheceu esta semana um novo episódio.Os ex-trabalhadores ainda não sabem quando vão receber os 2,4 milhões de euros que deverão resultar da venda do terreno da empresa.Jorge Branco não foi o único a morrer ao longo deste processo. Vinte ex-trabalhadores não viram a cor do dinheiro. "Morreram antes do processo chegar ao fim", quantifica a porta-voz dos trabalhadores, Lurdes Modesto. Tal como Luisa, também Fátima Pinto, igualmente ex-funcionária da Frapil, afirma que o marido não aguentou o "stress e o desânimo" provocado pela forma como fechou a empresa, morrendo, aos 56 anos, com um ataque cardíaco.

O fim da empresa mudou a vida de muitos. Uma dezena de casais que trabalhavam na Frapil divorciaram-se. "Em casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão".A frase popular é relembrada por Armando Vinagre, ex-trabalhador da Frapil, e testemunha da forma como o incumprimento da empresa "acabou com o casamento do irmão mais novo".

Sem dinheiro para pagar o empréstimo, venderam a casa e cada um foi à sua vida. Ele ficou por cá, ela emigrou para a Suíça com o filho", conta Armando.Ele próprio, Armando, foi obrigado a trocar uma vivenda com jardim por uma casa camarária num bairro social.Os 20 ex-trabalhadores que morreram deixaram 60 herdeiros. Francisco Picado tem direito a 19 mil euros do pai, Albino Picado, falecido há 12 anos, tinha 59 anos. "Fui obrigado a deixar a escola e a ir trabalhar para pagar o empréstimo da casa", lembra Francisco.

1 comentário:

Unknown disse...

Ola.

Por acaso tem algum contacto da Lurdes Modesto (ou outra ex trabalhador da ex Frapil)?
Precisava de falar com alguém, que possa partilhar mais informação da conclusão do caso.
Tenho um imóvel ao lado do da ex-Frapil e não consigo obter nenhuma informação quando/como se procedeu a venda e quem comprou.

Obrigado