segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Sindicalismo:novos desafios e combates (III)


Outro dos grandes desafios do sindicalismo actual é o seu novo modelo de organização internacional.Antes de mais haveria que fazer uma avaliação à prática da Confederação Europeia de Sindicatos (CES) que nos últimos anos tem vindo a perder capacidade de mobilização e de acção reivindicativa.Não podemos esquecer as dificuldades actuais da economia como a crescente precarização na Europa e também a entrada para a CES de um lote de sindicatos da Europa Central e do Leste quase todos de tendência moderada e até , alguns deles, com ilusões sobre o sistema económico liberal!

Por outro lado, vai ser necessário fazer uma primeira avaliação da Confederação Sindical Internacional (CSI) que tarda em se afirmar como uma mais valia sindical! Será necessário que o mundo sindical tenha a nível internacional um salto qualitativo, caso contrário apenas se concentram recursos e forças que não geram uma nova etapa na defesa dos trabalhadores no quadro da globalização.
´Também não será com a velha FSM, (que agrupa algumas centrais de ideologia comunista tradicional e sindicatos atrelados ao Estado como os chineses e cubanos) que apesar de querer dar a volta e sobreviver não vai óbviamente ter qualquer poder de sedução.

A acção internacional ainda é vista por muitos sindicatos de forma conservadora.Não se lhe dá a importância devida e continua-se a agir localmente sem perspectiva global.O enfoque é muito nacional. Basta ver a pouca importância que se atribui aos conselhos europeus de empresa e á luta por uma efectiva regulação das multinacionais.Quase nunca se ouvem os sindicatos a pugnarem por reivindicações europeias ou mundiais:salário mínimo europeu, pensão mínima, reivindicações europeias por sector, contratação colectiva , destacamento de trabalhadores....A CES, pelo menos em Portugal, tem dificuldades enormes para arrancar com uma manifestação ou uma acção conjunta.

Se o sindicalismo continuar a olhar muito para dentro das fronteiras não está a entender em que mundo se move.
As empresas já entenderam que se movem num mundo globalizado e cedo aprenderam a dele retirar proveito.Os sindicatos terão que trabalhar num mundo global e aproveitar os aspectos positivos desta situação.
Perante a crise actual o sindicalismo mundial e nacional não apresenta perspectivas sólidas!Concorda na generalidade com as decisões dos governos para combater a crise.Quando muito pugnam por mais subsídios e investimento público.Aos trabalhadores despedidos pouco se tem para dizer.Apenas que podem ficar com o subsídio de desemprego e ir para casa ou trabalhar menos horas ou menos dias!

O movimento sindical se estava à defesa, ainda mais na defensiva ficou com a crise!Não existe uma estratégia sindical para a crise e para o pós crise!E porquê?Porque as correntes de pensamento sindical mais influentes no mundo estão perfeitamente subalternizadas ás respectivas correntes políticas e de poder!Uns fazem o que os partidos centralistas dizem e outros o que os governos da "terceira via" decidem!Os sindicalistas são, na sua maioria, políticos.Como políticos estão prisioneiros das suas carreiras , dos seus aparelhos. O sindicalismo não pensa pela sua cabeça, nem põe os trabalhadores a verem para além do imediato.Quando se acordar desta borracheira já é tarde para se dar a volta.

Sem comentários: