O programa de governo PS com 180 páginas é um documento ambicioso e de «contas certas», ou seja de austeridade.Nos anteriores, com aliança à esquerda,os programas eram de contas certas mas de recuperação de rendimentos e ,por vezes, com um aumentozinho.É a maioria parlamentar e os seus efeitos positivos para quem tem pão suficiente na mesa e prioriza a seguraça e estabilidade e os efeitos negativos para quem já estava aflito e mais aflito vai ficar com esta
inflação que pode chegar aos 6% ou mais.
Claro que a pandemia, a guerra na Ucrânia e os
aumentos das matérias primas e da energia servem de argumento forte para se
juntar às «contas certas» a recusa de aumentos de rendimentos que foi sempre um
objectivo apregoado da «geringonça»que será de boa memória.
Claro que o Programa será para os próximos
anos e o Governo diz apostar na valorização salarial mas lá mais para a frente
porque agora novos valores se levantam.Mas será que a situação de crise vai
passar ou nos próximos anos vamos ter tempos difíceis?
Aumentos de salários é antidoto contra a
austeridade
Com este aumento extraordinário dos preços
seria muito importante que se efectuasse um aumento geral de salários,
incluindo os dos funcionários públicos, para enfrentar este choque
inflacionista que afecta os mais pobres com destaque para os trabalhadores e
pensionistas .Ao congelar mais uma vez os salários dos funcionários públicos o
Governo está a dar um sinal ao sector privado no sentido de congelamento geral
de salários ou de uma valorização muito aquém do necessário face à taxa de
inflação do nosso País.Serão as classes mais pobres que irão sofrer mais com os
custos da pandemia e da guerra da Ucrânia.
Acreditam
piamente que os fundos europeus da
«bazuca»vão proprocionar saltos qualitativos fantasticos no País!Será que
acreditam ou muito do que se escreve não passa de veia tecnocrática?É uma
crença semelhante á que ainda alguns têm sobre a educação como o grande
instrumento de combate às desigualdades,esquecendo que temos tanta gente
licenciada a ganhar o salário mínimo!
Mais uma vez o trabalho é desvalorizado!
Mas nos grandes objectivos do Programa o
trabalho aparece mais uma vez como o parente pobre e subsidiário da economia e
da demografia.Isto apesar de estar incluída novamente a «Agenda do trabalho
Digno», ou seja um conjunto de medidas de regulação do «mercado de trabalho»
que, embora importantes, não tocarão no essencial daquilo que foi revertido no
tempo da Troica e deu mais poder às empresas e dinheiro aos empresários.
Do pouco que ali se escreve vai umas
generalidade do costume esquecendo por exemplo a importância da melhoria das
condições de trabalho e que a sinistralidade laboral está novamente a aumentar
como, aliás, acontece em Espanha e Itália.Refere-se que se avançará para uma
Estratégia Nacional para a segurança e saúde no trabalho mas sem lhe dar
conteúdos fundamentais, deixando tudo para os técnicos do Ministério como se a
pandemia tivesse sido noutro planeta.
Pela pessoa que continua no Ministério do
Trabalho e pelo programa para esta área vamos ter política de continuidade, sem a pressão da esquerda parlamentar, agora
mais enfraquecida.
Mas, há indícios de que os tempos serão
conturbados .Se o governo não controlar a inflação com mecanismos económicos e
sociais nos próximos meses vai ter que enfrentar a médio prazo a luta social
que entretanto se organiza.Sendo verdade que os sectores operários como os
têxteis, construção e metalurgicos estão hoje enfraquecidos , os sectores da
Função Pública como professores, médicos e enfermeiros e transportes ainda podem
dar luta.Num quadro de crise a estes sectores ainda se podem juntar outros
precarizados, desempregados e estudantes que irão sentir a vida a piorar de dia
para dia.
Pelo que ouço em vários sectores sindicais, incluindo a UGT,esta situação não é aceitável.Será que os sindicalists socialistas não têm aqui uma palavra a dizer neste programa?Ou isto está assim tão mau!Pelo menos critiquem,não se calem!
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