A CGTP-Intersindical é a maior organização social do País.Mas não apenas social, mas também
reivindicativa e transformadora.Ou seja, a CGTP é hoje a principal organização de trabalhadores filha dos ideais da Revlução Francesa, da Comuna de Paris, da Revolução Russa , da CGT da Primeira República, dos socialistas, dos católicos progressistas e do 25 de Abril.É fruto e materialização das aspirações dos trabalhadores portugueses que participaram activamente, por vezes com a sua própria vida,na luta contra a ditadura e pela democracia, à qual imprimiram uma dimensão económica e social e cultural única na Europa.Infelizmente, embora reconhecendo a CGTP como
organização uma parte significativa da sociedade portuguesa procura
ignorar,menorizar e combater a sua ação com o argumento de que é uma
organização do PCP.Outra parte da sociedade nunca perduou à Central Sindical o
seu papel fundamental nas transformaçõe sociais, e conómicas e jurídicas do
Portugal democrático.
Neste meio século a CGTP esteve em todos os grandes momentos da democracia.É verdade
que nesta luta houve vitórias e derrotas.Creio que uma das grandes vitórias com
sabor a derrota foi o Congresso de Todos os sindicatos onde se procurou evitar
a cisão do Movimento Sindical Português após a luta fratricida sobre a unicidade
sindical.Mas o sectarismo de uns e o dvisionismo encomendado pelo imperialismo
já tinham realizado o trabalho necessário à divisão dos trabalhadores portugueses.
No livro Pela Dignidde do trabalho dos 40 anos
da BASE-FUT podemos ver relatos impressionntes da intromissão politica no
sindicalismo português no quadro da «guerra fria».Mário Soares foi figura
central nesta luta pela divisão sindical.
Todavia, o Congresso de todos os sindicatos
mostrou uma CGTP aberta a todas as correntes, inclusive aos que entretanto já
tinham planeado a divisão sindical, uma CGTP com grande potencial agregador ,
juntando mais de centena e meia de organizações sindicais.
Se bem que em 1980 a CGTP, com todo o seu
potencial não conseguiu evitar um governo de toda a direita estruturada na AD,é
verdade que foi a organização mais combativa contra as políticas desta aliança
e da recuperação do capitalismo português, nomeadamente de antigos grupos
económicos do tempo da ditadura.Duas grandes greves gerais em fevereiro,a
primeira depois do 25 de Abril, e em maio de 1982 debilitaram a governação da direita que viria
a claudicar mais tarde.Foi assim uma derrota vitória numa década em que os
demónios do neoliberalismo andavam à solta no planeta.
As sucessivas mudanças da legislação laboral
flexibilizando as relações laborais a
precariedade , nomeadamente os contratos a prazo, as crises e o desemprego
ajudaram o poder dos negócios dando-lhes força, prestígio e dinheiro.Entretanto
a UGT nunca arrancaria para uma central combativa, ficando-se por ser uma
moleta dos governos e das empresas, em particular da banca e dos banqueiros.O
seu maior falhanço foi a conivência, em nome de um mal menor, com as condições
da Troika.
Uma outra vitória com sabor a derrota da CGTP
foi sem dúvida a sua entrada na Confederação Europeia de sindicatos em 1994.A Central tinha na altura uma equipa de
direção de grandes sindicalistas.Conseguiu convencer e ter o apoio de quase
todas as centrais sindicais da Europa na sua candidatura apesar da oposição lamentável
da UGT portuguesa.A BASE-FUT fez um excelente trabalho na área do sindicalismo
de inspiração cristã (CMT), nomadamente com a CSC belga, para que a candidatura
da CGTP tivesse êxito.Joaquim Calhau e Fernando Abreu, membros da BASE-FUT,
mantinham contactos importantes e históricos com o sindicalismo de inspiração
cristã na Europa.
Infelizmente, embora com altos e baixos, a
CGTP parece que esteve sempre com um pé dentro e outro fora da CES,
desvalorizando-a e desvalorizando a sua participação na mesma.Persiste num
soberanismo que é um espartilho a um internacionalismo combativo e
transformador.Tirando a inédita greve europeia em novembro de 2012 contra a
austeridade onde a direção de Arménio Carlos com os sindicatos espanhóis
tiveram um papel central, a CGTP opta mais por afirmar as diferenças perante a
«social-democracia»do que as bases em comum.A Central portuguesa perante
uma CES
que também tem perdido dinamica poderia ter outra estratégia muito mais
empenhada e mobilizadora.
A maior vitória da CGTP é a sua presença no terreno
A maior vitória da CGTP ,no entanto, é a sua
presença no terreno, nas empresas, nas lutas dos trabalhadores.É a sua bandeira
que aparece nos quatro cantos do País onde existem conflitos e protestos dos
trabalhadores.É o seu símbolo e o seu hino que é cantado por milhares de
activistas sindicais.Quer se queira quer não!
Concluindo, porque não vou fazer hsitória,a
CGTP ao fazer meio século irá certamente repensar a sua ação nacional e
internacional.É fundamental ver quais as oportunidades e limitações presentes
,avaliar a nossa cultura sindical, o seu discurso, as abordagens aos jovens
trabalhadores e estudantes.Como travar a abstenção sindical que cresce na
classe trabalhadora?Como prestigiar o sindicato e os sindicalistas?Como tornar
o sindicato a casa comum dos trabalhadores?Como tornar o sindicato cada vez
mais participado pelos trabalhadores?São interrogações comuns a muitos
sindicalistas e trabalhadores.
Sem comentários:
Enviar um comentário