Recentemente um cronista da direita escreveu
que afinal sempre veio o diabo prometido por Passos Coelho referindo-se á
presente pandemia do coronavírus.
Não concordo e não gosto da imagem do diabo
utilizada em tempos passados para condicionar e anular pelo medo as
reivindicações e sentimentos emancipatórios das classes dominadas.
Direi antes que esta pandemia, embora
trágica,comporta um risco acrescido para as nossas sociedades bem como uma
extraordinária oportunidade.
O risco maior é que esta pandemia se torne
numa ameaça às sociedades democráticas, tornando-as mais individualistas e
hedonistas, ou seja que vingue definitivamente a cultura do «cada um por si» e
«vivemos o presente porque não haverá amanhã» e se quebrem ainda mais os sentimentos
de solidariedade e de humanismo.Solidariedade com os mais frágeis e com as
futuras gerações.Seria o domínio total do neoliberalismo e do reacionarismo
evangélico cujo caldo cultural é o sectarismo e obscurantismo religioso.
A grande oportunidade será as nossas
sociedades reflectirem sobre as consequências económicas e sociais desta
pandemia, sobre a precariedade das nossas frágeis estruturas sociais e da
necessidade de reforçar os mecanismos institucionais da partilha e
solidariedade.
No futuro as sociedades irão confrontar-se
mais frequentemente com este tipo de riscos biológicos e de inesperadas
catástrofes.Tal perspectiva exige mais democracia, mais transparência,
informação e responsabilidade.Construir uma sociedade, coesa e de confiança.é o
grande desafio.Esta será uma grande oportunidade para aplicarmos os valores
humanistas e democráticos.Se o conseguirmos o diabo nada poderá fazer!
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