sexta-feira, 13 de março de 2020

AFINAL O DIABO SEMPRE VEIO?


Recentemente um cronista da direita escreveu que afinal sempre veio o diabo prometido por Passos Coelho referindo-se á presente pandemia do coronavírus.
Não concordo e não gosto da imagem do diabo utilizada em tempos passados para condicionar e anular pelo medo as reivindicações e sentimentos emancipatórios das classes dominadas.
Direi antes que esta pandemia, embora trágica,comporta um risco acrescido para as nossas sociedades bem como uma extraordinária oportunidade.
O risco maior é que esta pandemia se torne numa ameaça às sociedades democráticas, tornando-as mais individualistas e hedonistas, ou seja que vingue definitivamente a cultura do «cada um por si» e «vivemos o presente porque não haverá amanhã» e se quebrem ainda mais os sentimentos de solidariedade e de humanismo.Solidariedade com os mais frágeis e com as futuras gerações.Seria o domínio total do neoliberalismo e do reacionarismo evangélico cujo caldo cultural é o sectarismo e obscurantismo religioso.
A grande oportunidade será as nossas sociedades reflectirem sobre as consequências económicas e sociais desta pandemia, sobre a precariedade das nossas frágeis estruturas sociais e da necessidade  de reforçar os mecanismos institucionais da partilha e solidariedade.
No futuro as sociedades irão confrontar-se mais frequentemente com este tipo de riscos biológicos e de inesperadas catástrofes.Tal perspectiva exige mais democracia, mais transparência, informação e responsabilidade.Construir uma sociedade, coesa e de confiança.é o grande desafio.Esta será uma grande oportunidade para aplicarmos os valores humanistas e democráticos.Se o conseguirmos o diabo nada poderá fazer!

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