domingo, 18 de junho de 2017

O COMBATE INTERNACIONAL DOS SINDICATOS!

Recentemente num debate sobre sindicalismo promovido pelas edições Base na feira cultural de Coimbra o professor Hermes Costa do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra lembrava, entre outras questões pertinentes, que o movimento sindical continua muito virado para a dimensão nacional tendo dificuldades em gizar estratégias de ação internacional eficazes.
Esta observação é particularmente pertinente vinda de um investigador que tem dedicado muito do seu estudo às questões sindicais internacionais.
Neste aspeto o sindicalismo português contém algumas tendencias curiosas, em particular no âmbito da CGTP e da UGT.Estas tendencias manifestaram-se em especial nos debates que precederam a constituição da Confederação Sindical Internacional(CSI) no início deste século.
Na UGT portuguesa a questão foi pacífica na medida em que para esta central sindical o problema era simples.A UGT já era membro da Confederação Internacional dos Sindicatos Livres (CISL) e com a autodissolução desta e a criação da CSI o problema estava resolvido na raíz.A UGT viu nesta operação um reforço da sua posição internacional na medida em que na CGTP, mais propriamente nas suas cúpulas, a questão da adesão á nova confederação mundial arrastava-se interminávelmente.
Na CGTP os sindicalistas do PCP não aceitaram a adesão à nova Central mundial enquanto que os da corrente socialista, da Base-FUT/católicos e independentes defenderam claramente a adesão da CGTP á nova organização mundial criada após a adesão da CISL e da Confederação Mundial do Trabalho (CMT) na qual a BASE-FUT tinha um estatuto extraordinário.
Este processo teve outros aspetos político- sindicais interessantes mas não é aqui o lugar mais adequado para os abordar.
O importante a concluir é que a maior central sindical portuguesa continua sem filiação internacional para além da Confederação Europeia de Sindicatos (CES) onde também não está com especial empenho.
A simpatia da maior parte dos dirigentes sindicais da CGTP vai para a Federação Sindical Mundial (FSM) que não aceitou a dissolução e que ainda vem dos tempos da União Soviética, aglutinando sindicatos estatais como os chineses e cubanos,alguns árabes, movimentos sociais de diversos países.
Esta questao é importante para o sindicalismo português?Tem alguma importância!O mais importante desta situação é verificar a incapacidade que o movimento sindical mundial e europeu tem em definir e articular as lutas dos trabalhadores em momentos como os atuais!Esta situação é parodoxal e contrária á filosofia internacionalista sempre defendida pelas organizações de trabalhadores.
É verdade que as lutas locais e nacionais ainda são essenciais para a defesa dos nossos direitos e interesses como trabalhadores.É a nível local e nacional que se faz a aprendizagem sindical se amadurece a consciencia de classe, se confrontam as contradições entre o trabalho e o capital, se descobrem os mecanismos de dominação e exploração.
No entanto, hoje, quer queiramos quer não, as grandes decisões economicas são tomadas fora da nossa dimensão local e nacional.Em consequência a análise e ação internacional tornou-se estratágica para o movimento sindical.Ora, o que vemos é que os sindicatos nacionais no interior da CES, por exemplo, dificilmente se entendem para desencaderaem uma greve geral na Europa ou uma ação concertada para fazer mudar a política antisocial de um estado membro ou de uma multinacional.
A maioria dos dirigentes sindicais sentem-se impotentes para ultrapassar este impasse que se prolonga há décadas e vão vivendo de reuniões, relatórios e resoluções!Cada vez mais se burocratiza o sindicalismo,  cada vez  menos os trabalhadores esperam algo dos sindicatos sendo, por vezes, metidos no mesmo saco das instituições contra as quais é preciso lutar!
Como se verificou no tempo da governação da Troika/Passos/Portas as reivindicações dos trabalhadores batiam contra o muro da indiferença erguido pelas políticas das organizações internacionais.A Grecia, Irlanda, Espanha e Portugal sofreram, em particukar os trabalhadores, as duras políticas da austeridade.As lutas então travadas a nível europeu, para além de declarações solidárias,foram quase nulas com exceção de uma iniciativa tipo«greve geral europeia» aceite apenas por parte das confederações mais a sul da Europa.
Ora, o receio de que no presente e no futuro possam vir novas e mais graves poltiticas de austeridade para os trabalhadores e reformados são uma realidade.Mais do que nunca urge uma ação sindical europeia articulada, explorando mais as capacidades das federações sindicais, de alguns comites europeus e de algumas confederações mais combativas.Uma ação que não envolva apenas alguns dirigentes de topo mas cada vez mais os trabalhadores.Porém com discursos nacionalistas e isolacionistas não vamos lá.O espaço europeu é um instrumento fundamental de ação sindical.A reflexao sindical a este nível tem que subir para novos patamares.Os grandes patrões europeus estão bem concertados,os seus interesses são defendidos a nível global e europeu.O desafio continua, porém, para nós!

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