segunda-feira, 16 de junho de 2014

SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO-Qual é o medo?

 
Quando lemos os últimos documentos comunitários sobre segurança e saúde no trabalho, nomeadamente o último quadro estratégico 2014-20120, temos de imediato a sensação de que nada se quer fazer sobre a matéria no atual quadro político.
 E porque? Simplesmente porque a principal preocupação não é a redução da sinistralidade laboral nem a diminuição das doenças profissionais que vitima milhões de trabalhadores em todo o mundo. O que se lê e se sente em cada parágrafo é o medo de introduzir qualquer carga financeira para as empresas! Ou seja, a política atual de segurança e saúde no trabalho está hoje, mais do que nunca, sujeita aos limites da competitividade e do princípio de não sobrecarregar os custos económicos das empresas!
Todavia, este discurso da União Europeia e dos seus propagandistas, é estruturalmente contraditório para não dizer cínico! Com efeito, um dos elementos desse discurso oficial é o de que investir na promoção da segurança e saúde dos trabalhadores é muito bom e rentável a prazo, ou seja, é bom para os trabalhadores e bom para a economia. Os estudos dizem que investir neste domínio é produtivo para as empresas e para o Estado que gasta menos com a saúde e segurança social!
Ora, então, se investir na segurança e saúde é rentável porque é que existe tanto receio e tanta relutância em tomar medidas comunitárias obrigatórias que melhorem as condições de trabalho dos europeus? Tomar medidas em particular ao nível das doenças decorrentes das lesões músculo -esqueléticas, exposição aos agentes químicos e stresse laboral.
O que se passa afinal? Fundamentalmente existe menos vontade política nos órgãos comunitários que estão hoje muito mais vulneráveis às pressões do patronato europeu! O atual capitalismo convive bem com a deterioração das condições de trabalho, desemprego e precariedade. As filosofias de gestão reinantes e dominantes na União e no planeta são meras ideologias que legitimam a mercantilização dos seres humanos! Os textos comunitários estão hoje, mais do que nunca, balizados por essa ideologia! Compete ás organizações de trabalhadores levantar bem alto um caderno reivindicativo autónomo nesta matéria!

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