sábado, 13 de setembro de 2025

PERTENCER A UM SINDICATO É DIREITO HUMANO E CONSTITUCIONAL

 

Ser filiado num sindicato é um direito humano e constitucional! No artigo 23º da Declaração Universal dos Direitos Humanos podemos ler: «toda a pessoa tem o direito de fundar com outras pessoas sindicatos e de se filiar nos mesmos para a defesa dos seus interesses». 
Esta lembrança é importante numa altura em que, paradoxalmente, existe uma certa azia anti- sindical em alguns meios empresariais, de comunicação e até de sectores populares menos informados ou que não sentem a sua vida a melhorar, apesar das propostas sindicais.

As propostas laborais deste governo de Montenegro também demonstram azia


semelhante ao quererem limitar a ação sindical nas empresas e do direito de greve.

 

No artigo 55º da Constituição portuguesa está escrito igualmente que «é reconhecida aos trabalhadores a liberdade sindical, condição e garantia da construção da sua unidade para a defesa dos seus direitos e interesses». De igual modo a doutrina social da Igreja Católica reconhece em várias encíclicas a legitimidade da filiação e ação sindical para defender o trabalhador.

Por outro lado, estes direitos dos trabalhadores foram reconhecidos não apenas no preâmbulo da constituição da Organização Internacional do Trabalho como também numa das suas convenções mais emblemáticas a Convenção nº 87 aprovada em 1948.No seu artigo 2º escreve-se: «Os trabalhadores e as entidades patronais, sem distinção de qualquer espécie, têm o direito, sem autorização prévia, de constituírem organizações da sua escolha, assim como o de se filiarem nessas organizações, com a única condição de se conformarem com os estatutos destas últimas».

 

Direito a constituir sindicatos

 

O nosso Código do Trabalho, nomeadamente no seu artigo 440º estipula que «os trabalhadores têm o direito de constituir associações sindicais a todos os níveis para defesa e promoção dos seus interesses socioprofissionais. Acrescenta, no entanto, o artigo 443º que «no exercício da liberdade sindical, o trabalhador tem o direito de, sem discriminação, se inscrever em sindicato que, na área da sua atividade, represente a categoria respetiva». Ao trabalhador também se reconhece o direito de desfiliação a qualquer momento mediante a comunicação escrita para o sindicato.

Curiosamente o Código do Trabalho também estabelece no artigo 460º que «os trabalhadores e os sindicatos têm direito a desenvolver atividade sindical na empresa, nomeadamente através de delegados, comissões e comissões intersindicais». Este artigo, que estabelece o direito à atividade sindical na empresa é muito interessante porque diz claramente, ao contrário do que muita gente pensa, que os trabalhadores e não apenas os sindicalistas podem exercer atividade sindical nos locais de trabalho.

 

Participação sindical

 

Dentro desta lógica a lei permite no artigo 461º que «os trabalhadores podem reunir-se no local de trabalho mediante convocação por um terço ou 50 trabalhadores do respetivo estabelecimento ou pela comissão sindical ou intersindical. Efetivamente a nossa lei permite uma larga participação sindical. É dito que os trabalhadores podem fundar sindicatos, filiar-se nos mesmos livremente, exercer atividade sindical na empresa e eleger e destituir os seus representantes sindicais. Infelizmente, como aliás acontece noutras áreas da participação cívica no nosso País, a dinâmica social fica aquém das oportunidades previstas na lei.

É importante, no entanto, estarmos conscientes destas possibilidades legais para que nada iniba a nossa iniciativa e ação no terreno esconjurando medos que por vezes nos atam as mãos!

 

Quais são os direitos dos sindicatos na nossa legislação?

 

Os sindicatos têm o direito (443º CT) de celebrar convenções coletivas de trabalho, bem como prestar serviços de natureza económica e social aos seus associados. Podem ainda participar na elaboração da legislação do trabalho a vários níveis; podem apoiar juridicamente os associados iniciando e intervindo em processos judiciais.

Os sindicatos podem estabelecer relações ou filiar-se a nível nacional e internacional em organizações de trabalhadores; participam ainda nos processos de reestruturação empresarial.

 

sexta-feira, 5 de setembro de 2025

PORTAS ARROMBADAS....O ACIDENTE DO ELEVADOR DA GLÓRIA E A NOSSA INCÚRIA!

  

Mais uma vez os portugueses se confrontam com um acidente horrível com


várias vítimas mortais e feridos graves! Claro que após os mesmos constatamos que se fazem muitas desculpas e promessas de melhorias para o futuro. Esperamos que se faça um inquérito rigoroso e independente para apurar responsabilidades e para se retirarem as necessárias conclusões técnicas para se tomarem medidas adequadas para o futuro!

Desde já podemos, no entanto, falar de algumas questões que estão na base dos acidentes em Portugal e que, não sendo devidamente reequacionadas, continuarão a fazer mossa na nossa vida quotidiana e a fazer vítimas.

A primeira é o horror que temos a investir na prevenção. No trabalho, na rodovia, na floresta, na saúde. A nossa cultura «do desenrasca» não admite a prevenção! Gostamos muito do improviso e pouco da responsabilização! Temos horror a pedir contas a alguém, preferimos o bater nas costas, dizendo que está tudo bem! Não gostamos de planear e de prevenir, tomando medidas de antecipação e de vigilância. Perdemos milhões de euros nas reparações quando poderíamos poupar biliões se integrássemos a prevenção na nossa vida!

A segunda questão que este acidente e outros nos devem ensinar é que é urgente priorizar a segurança na nossa vida; nos transportes e infraestruturas, na segurança e saúde no trabalho, nos incêndios. O Estado deve dar aqui o exemplo a todos, fazendo, certificando, exigindo e multando se necessário. A pressão e a complexidade dos sistemas de hoje exigem sistemas de segurança fortes e adequados! A segurança é uma questão civilizacional!

A terceira questão é se a segurança deve ser privatizada e ser matéria de «outsourcing» pelas empresas de serviços públicos. Nas adjudicações olha-se muitas vezes mais ao preço e pouco a outros valores como a segurança. A prestação de serviços técnicos por terceiros tornou-se uma verdadeira praga no próprio Estado. Chegou-se inclusive a marginalizar os técnicos da «casa».

Para ser honesto devo confessar que me sinto cada vez mais receoso em viajar nos transportes públicos, quer sejam do estado quer sejam privados! É o negócio, os lucros, os resultados que comandam as operações! Vejo na aviação tripulações esgotadas por tantas horas de voo; vejo motoristas de autocarros com sono por excesso de horas de trabalho; vejo equipamentos obsoletos a circularem nas linhas de comboio e nas rodovias!

Não, em Portugal não se prioriza a segurança! Mais ainda, a segurança e a saúde estão submetidas a interesses privados, a facilitismos, a irresponsabilidades. Se não mudarmos, e tendo em conta a complexidade dos sistemas, vamos ter muitos problemas.

Um dos deveres essenciais do Estado moderno é proteger os seus cidadãos! O Estado democrático tem falhado vezes demasiadas