domingo, 20 de julho de 2025

PARA OS TRABALHADORES AS RECEITAS DOS LIBERAIS são uma carga de trabalhos!

 

Nasceram há pouco tempo, mas existiam ideologicamente há anos. Aonde? Nos jovens das classes abastadas urbanas e nas escolas de gestão, nomeadamente, e por incrível que seja, na Universidade Católica! São os «novos» liberais que até fundaram um partido e conseguiram um grupo parlamentar! Para esta gente a receita para o progresso do país estará na aplicação dura das ideias liberais, ou seja, pôr  ainda mais  Portugal a funcionar com lei do mais forte, protegendo os ricos e batendo nos pobres que são uns dependentes de subsídios e não querem trabalhar....

 Os trabalhadores não devem ser protegidos e quando o patrão entender devem ser postos no olho da rua sem qualquer indemnização. No desemprego os trabalhadores também não devem ter subsídio mesmo que descontem para isso pois devem regressar ao trabalho de imediato, nem que seja por metade do salário que antes ganhavam!

Esta gente não sabe de história do país nem da Europa, nem sabem como nasceu o direito do trabalho e porque chegámos ao estado social e à necessidade de se proteger o trabalhador que é a parte mais fraca da relação de trabalho!

Origens do Direito do trabalho

A necessidade de proteger os trabalhadores com normas jurídicas nasceu de movimentações operárias e fortes lutas contra as duras condições de trabalho geradas pela Revolução industrial, nomeadamente a Revolta dos Tecelões de Manchester ( 1817), a Revolta dos trabalhadores da seda de Lyon ( 1831), e a
Revolta dos operários de Chicago pelas 8 horas (1886).

O conceito de segurança física foi o núcleo central do Direito do trabalho desenvolvendo-se em três vetores fundamentais:

1.       Na primeira legislação social em torno do trabalho de menores e do trabalho de mulheres adotada primeiro em Inglaterra em 1819, na França em 1841 e na Rússia em 1839.

2.       Na primeira legislação de proteção social adotada pela Alemanha de Bismark em 1833, sobre a proteção da doença em 1884 sobre acidentes de trabalho e em 1889 sobre aposentação.

3.       Na primeira legislação sobre Direitos Coletivos dos trabalhadores adotada no âmbito do reconhecimento do direito de Associação sindical na Inglaterra em 1834, na Alemanha a meados do século XIX, em França em 1884 e nos USA na segunda metade do século XIX e do direito de greve em França em 1864, na Alemanha em 1869 e em Inglaterra em 1875,

Já no século XX, em 1919 constituiu-se a Organização internacional do Trabalho (OIT) com a Declaração de Filadélfia onde se afirma que o trabalho não é uma mercadoria e em mais de um século se aprovaram dezenas de convenções e recomendações tendo sempre como objetivo defender os trabalhadores e o trabalho digno!

A própria União Europeia, que sempre foi um projeto económico e para a paz na Europa, desenvolveu todo um pilar social com garantias de proteção dos trabalhadores e promoção do trabalho digno;

A própria Igreja Católica, em particular a partir de Leão XIII desenvolveu um conjunto de princípios éticos para a economia e para o trabalho no sentido da proteção da pessoa enquanto trabalhador com direitos e deveres- a Doutrina Social.

Em 1974 o Povo português e os seus militares derrubaram uma ditadura corporativa inimiga de toda a ideia liberal e democrática. Em 50 anos conseguiu-se construir um País com muitas debilidades e desigualdades, mas com liberdade de organização e ação sindical, uma Constituição e legislação laboral onde se garantem na lei, ainda não na prática, os direitos fundamentais dos trabalhadores!

É toda esta história secular, civilizacional, que os dirigentes da Iniciativa Liberal querem abandonar, pregando agora um novo mundo que é, afinal, mais velho do que a Revolução Industrial no século XIX?

Tenham alguma humildade, pois o mundo não nasceu agora! O liberalismo rançoso aplicado cruamente a este País seria um desastre completo para dois terços dos portugueses! Não, as vossas ideias não são exequíveis e visam apenas dar mais poder aos que já possuem o poder económico e financeiro! Para quem trabalha seria uma carga de trabalhos!

 

 

quinta-feira, 17 de julho de 2025

A EXTREMA DIREITA E OS SINDICATOS-será melhor prevenir que remediar!

 

Um amigo meu preocupado alertou-me “cuidado que a ideologia da extrema-direita já chegou aos sindicatos! “Não ainda de forma organizada em sindicatos próprios como acontece com o VOX espanhol, mas praticando uma espécie de «entrismo», ou seja, tomando os sindicatos por dentro,


entrando pela ideologia relativamente a vários temas que são agitados todos os dias por essa organização. Tendo sucesso, o segundo passo poderá ser o aprofundamento da divisão sindical para constituir as suas próprias organizações ou tomar conta das existentes.

O Jornal «Publico» de  7 de abril de 2023 noticia que Andre Ventura pretende apresentar em breve uma corrente ou central sindical-Solidariedade- e que estaria a fazer contactos com alguns sindicatos.Será que as demarches não correram bem ou houve mudança de tática no Chega?Este silencio deste partido nos últimos tempos deixa-nos naturalmente preocupados!

Considerando que em muitos sindicatos pouco debate político e ideológico existe, e formação ainda menos, temos, de facto, este risco. Se em termos eleitorais existe transição de votos da esquerda para o Chega será possível que tenhamos alguns sindicalistas simpatizantes deste partido.

O objetivo estratégico deste partido da extrema-direita será constituir uma organização sindical da sua ideologia ou muito próxima. A este respeito tem havido um grande silêncio da parte deste partido. Iremos ver como se vai comportar relativamente às próximas alterações ao Código do Trabalho que o governo pensa apresentar, nomeadamente à lei da greve!

A infiltração da extrema-direita nos sindicatos existentes ou a organização de sindicatos próprios visa, não a melhoria das condições de trabalho ou a defesa efetiva dos direitos dos trabalhadores, mas sim a destruição a prazo dos mesmos e a submissão completa aos interesses dos grupos empresariais nacionais e internacionais que financiam estes partidos.

Os sindicatos dirigidos pela extrema-direita serão tropa de choque contra a democracia, contra os imigrantes e todos cidadãos progressistas. A greve será utilizada de forma cirúrgica para sabotar a economia e, mais tarde, tomado o poder, será proibida e os trabalhadores amordaçados!

Sindicatos corporativos serão o alvo mais fácil!

Serão os sindicatos mais corporativos, pretensamente menos ideológicos que estão mais vulneráveis às ideias da extrema-direita. A questão é que alguns desses sindicatos organizam trabalhadores em setores estratégicos da economia.

Neste sentido nunca foi tão importante a formação política e sindical dos delegados e dirigentes sindicais. Nunca foi tão importante a exigência de uma formação político sindical dos delegados e dirigentes e de todos os ativistas.

Não nos enganemos! O «caldo» cultural da extrema-direita já existe no nosso país há muito tempo! O que aconteceu é que as pessoas que viviam e respiravam esse ambiente ou não votavam ou ainda votavam PSD e CDS! O partido «Chega» veio organizar e dar voz a essa tropa. O ambiente político atual é assim favorável à expansão do ideário de ódio «chegano», ou seja, a divisão entre portugueses e estrangeiros, entre os bons portugueses e maus portugueses, o ódio ao imigrante e ao pobre, ao comunista e socialista.

É hoje claro para todos que esta ideologia já penetrou algumas margens das forças militares e de segurança. Não apenas penetrou, mas já começou a organização nestes setores em células, inclusive armadas, mas também em movimentos inorgânicos utilizando as redes sociais. Não nos podemos assim admirar que a mesma tática esteja a ser organizada nos sindicatos! Cuidado Pois! Será melhor prevenir que remediar!