Um amigo meu preocupado alertou-me “cuidado que a ideologia da extrema-direita já chegou aos sindicatos! “Não ainda de forma organizada em sindicatos próprios como acontece com o VOX espanhol, mas praticando uma espécie de «entrismo», ou seja, tomando os sindicatos por dentro,
entrando pela ideologia relativamente a vários temas que são agitados todos os dias por essa organização. Tendo sucesso, o segundo passo poderá ser o aprofundamento da divisão sindical para constituir as suas próprias organizações ou tomar conta das existentes.
Considerando que em muitos sindicatos pouco debate político
e ideológico existe, e formação ainda menos, temos, de facto, este risco. Se em
termos eleitorais existe transição de votos da esquerda para o Chega será
possível que tenhamos alguns sindicalistas simpatizantes deste partido.
O objetivo estratégico deste partido da extrema-direita será
constituir uma organização sindical da sua ideologia ou muito próxima. A este
respeito tem havido um grande silêncio da parte deste partido. Iremos ver como
se vai comportar relativamente às próximas alterações ao Código do Trabalho que
o governo pensa apresentar, nomeadamente à lei da greve!
A infiltração da extrema-direita nos sindicatos existentes
ou a organização de sindicatos próprios visa, não a melhoria das condições de
trabalho ou a defesa efetiva dos direitos dos trabalhadores, mas sim a
destruição a prazo dos mesmos e a submissão completa aos interesses dos grupos
empresariais nacionais e internacionais que financiam estes partidos.
Os sindicatos dirigidos pela extrema-direita serão tropa de
choque contra a democracia, contra os imigrantes e todos cidadãos progressistas.
A greve será utilizada de forma cirúrgica para sabotar a economia e, mais tarde,
tomado o poder, será proibida e os trabalhadores amordaçados!
Sindicatos corporativos serão o alvo mais fácil!
Serão os sindicatos mais corporativos, pretensamente menos
ideológicos que estão mais vulneráveis às ideias da extrema-direita. A questão
é que alguns desses sindicatos organizam trabalhadores em setores estratégicos
da economia.
Neste sentido nunca foi tão importante a formação política e
sindical dos delegados e dirigentes sindicais. Nunca foi tão importante a
exigência de uma formação político sindical dos delegados e dirigentes e de
todos os ativistas.
Não nos enganemos! O «caldo» cultural da extrema-direita já
existe no nosso país há muito tempo! O que aconteceu é que as pessoas que
viviam e respiravam esse ambiente ou não votavam ou ainda votavam PSD e CDS! O
partido «Chega» veio organizar e dar voz a essa tropa. O ambiente político
atual é assim favorável à expansão do ideário de ódio «chegano», ou seja, a
divisão entre portugueses e estrangeiros, entre os bons portugueses e maus
portugueses, o ódio ao imigrante e ao pobre, ao comunista e socialista.
É hoje claro para todos que esta ideologia já penetrou
algumas margens das forças militares e de segurança. Não apenas penetrou, mas
já começou a organização nestes setores em células, inclusive armadas, mas
também em movimentos inorgânicos utilizando as redes sociais. Não nos podemos
assim admirar que a mesma tática esteja a ser organizada nos sindicatos! Cuidado
Pois! Será melhor prevenir que remediar!